sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Deixar o Petróleo, antes que ele nos deixe

Os EUA temem que a Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo, possa não ter reservas suficientes para prevenir uma escala do preço do petróleo, segundo informações confidenciais da embaixada Americana em Riade, divulgadas pela Wikileaks.
Os telegramas, divulgados pela Wikileaks, alertam Washington para o facto de a Arábia Saudita ter sobre-calculado as suas reservas de petróleo, disponíveis e por explorar, em cerca de 40%, aproximadamente 300 biliões de barris. Questão preocupante, porque indica que afinal existe menos petróleo disponível, e por explorar, que as previsões dos analistas mais ótimistas.
Que estamos perto de um pico na produção global de petróleo não deve ser surpresa para ninguém, questão já que já suscitou alertas dos mais reputados analistas económicos de temas relacionados com Energia, ou até mesmo o Exército alemão, que levou a cabo um estudo no qual alerta para uma crise petrolífera derivada do atingir dos picos de produção.
Para ter uma ideia, a maior empresa petrolífera do mundo, a Saudi Aramco, da Arábia Saudita, é tida como não sendo capaz de aumentar a produção de petróleo, não sendo capaz de atingir o objetivo de produzir 12,5 milhões de barris de petróleo por dia. Os cálculos são efetuados pelo antigo Vice-Presidente para a Exploração Petrolífera da Companhia, Dr. Sadad al-Husseini. Este mesmo responsável acredita que, dentro de 5 a 10 anos, a produção petrolífera atingirá o pico, estabilizando cerca de 8 anos, e decrescendo a partir daí, podendo atingir um patamar alarmante nos 14 anos subsequentes.
PREÇOS MUNDIAIS DO PETRÓLEO: A PROCURA ESTÁ A IGUALAR A OFERTA
Considerando o rápido aumento da procura mundial por petróleo – conduzido pela China, Índia e pelo aumento do consumo interno na Arábia Saudita – pode-se concluir que a procura está a igualar a oferta. A oferta média mundial de petróleo ronda os 85 milhões de barris por dia, a qual tem estado constante nos últimos tempos. O preço base do petróleo, atualmente, descontando a instabilidade geopolítica e a especulação financeira, é de aproximadamente 70-75 USD por barril. Devido aos constrangimentos em aumentar a oferta e ao aumento da procura, que se prevê continuar a crescer a um ritmo superior ao da oferta, estimo que por cada milhão de barris de procura a mais que a oferta, o preço base do petróleo possa aumentar cerca de 12 USD por barril. Mesmo tendo em conta as novas descobertas de petróleo na bacia do Tupi – Brasil, ou até mesmo as descobertas na Venezuela, são insuficientes relativamente ao declínio de produção da maior bacia de petróleo do mundo, Ghawar.
Duvido que a Administração Bush tivesse tido tudo isto em conta, pelas levianas políticas energéticas que levava a cabo…
Mas o mais preocupante é o facto de o consumo interno de petróleo, da Arábia Saudita, fruto do elevado crescimento económico, estar a aumentar sequencialmente, sendo responsável pelo menor saldo exportador deste gigante petrolífero.
Segundo um telegrama, de Outubro de 2009, divulgado pelo Wikileaks, a embaixada Americana, em Riade, constata que existe um aumento da procura por eletricidade na Arábia Saudita, produzida a partir do petróleo – sendo também o método de produção mais poluente -, fruto do elevado crescimento económico e populacional, contribuindo para a redução do saldo exportador. No mesmo telegrama conclui-se que a procura por eletricidade tem uma previsão de crescimento de 10%. Como resultado, este país, o maior produtor mundial de petróleo, necessita de dobrar a sua capacidade de geração para 68GW até 2018.


As exportações, a verde, estão a descer porque a Arábia Saudita está a consumir cada vez mais o seu petróleo, por isso mesmo há menos disponível para os restantes países. E as elações a nível mundial podem ser retiradas comparativamente com a situação decorrente na Arábia Saudita.
Conclusão: Temos que deixar o petróleo, procurar outras alternativas – e já as há -, antes que o petróleo nos deixe.



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