quinta-feira, 30 de junho de 2011

Desafios da PAC pós 2013 no que concerne ao uso eficiente da água para fins agrícolas
A procura de água em Portugal, ou seja, a água utilizada, está actualmente estimada em cerca de 7 500 000 000 m3/ano no conjunto dos sectores Agrícola, Industrial e Urbano.

Em termos de procura por sectores, e tendo por base o Plano Nacional da Água, a agricultura é claramente o maior utilizador de água em Portugal, com 87% do total, contra 8% do total no abastecimento urbano e 5% do total na indústria

Quanto aos custos efectivos da utilização da água, 1 880 000 000 €/ano (correspondentes a 1,65% do PIB nacional), o sector urbano é o mais relevante, com cerca de 46% do custo total associado, seguido da agricultura com 38% e da indústria com 26%.

Os gráficos seguintes mostram a procura nacional de água por sector em Volume e os respectivos custos de produção. (Fonte: PNA)


Todavia, a Agricultura como sector estratégico para o nosso país, sendo responsável pela produção da alimentação básica necessária, tem grau de legitimidade para ser o sector de maior consumo de água. No entanto ainda carece de eficiência na utilização do recurso natural mais importante, a água.
Tendo Portugal um défice agro-alimentar na ordem dos 3 000 000 000 €, é necessário produzir cada vez mais e melhor, com o objectivo de substituir importações de bens agrícolas, assim como aumentar o potencial exportador de alguns desses bens.
Cada vez mais há casos de eficiência na utilização de água para fins agrícolas, concretamente no processo de irrigação, no entanto isso só tem acontecido como reacção à necessidade de redução dos custos de produção, o que tem levado muitos agricultores a serem mais eficientes na gestão e uso da água, conseguindo os mesmos índices de produtividade, utilizando até 12% menos água.
No entanto ainda são poucos os casos, e torna-se imperioso implementar políticas que visem o aumento da produtividade agrícola a par com a eficiência na utilização da água.
Por isso mesmo, na próxima revisão da PAC, Política Agrícola Comum, pós 2013 torna-se necessário rever os mecanismos de apoio à produção eficiente, nomeadamente no que toca ao Regime do Pagamento Único, uma vez que este mesmo subsídio á produção é atribuído em função da dimensão das produções, e não em função da produtividade, das valências da região e das condições de produção, o que pode levar a que em grande parte dos casos se beneficiem explorações com grande intensidade no uso de água, uma vez que o tipo de produção pode não estar totalmente enquadrado com a tipologia climatérica e topológica da região.
A bonificação dos pagamentos a agricultores que consigam reduzir os seus inputs de produção, alcançando métodos mais eficientes de utilização e gestão da água, seria outra medida a contemplar e enquadrar no âmbito da atribuição de fundos.
Outra grande medida a implementar seria beneficiar e incentivar o investimento em processos de irrigação mais eficientes, fazendo variar a comparticipação do investimento em função do grau de eficiência do sistema de irrigação implementado.
Podem parecer escassas estas medidas, mas no entanto seriam as suficientes para dar o impulso e o incentivo para que a produção agrícola aumentasse utilizando menos água para isso, ou seja sendo cada vez mais eficiente, reduzindo o peso do sector no que toca ao consumo de água.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eficiência Energética e Sustentabilidade Ambiental como factor de competitividade das PME empresas

É do conhecimento de todos que o grande factor de progresso e desenvolvimento de Portugal, na próxima década, será o crescimento das exportações e o aumento da competitividade. Contudo, só é possível sermos competitivos se nos diferenciarmos através do tridente económico Custos – Qualidade - Serviço.
Neste sentido, abordarei a questão dos custos, porque a Qualidade e o Serviço são factores nos quais temos obtido um bom desempenho. No que aos custos concerne, algumas das maiores facturas das empresas dizem respeito à Electricidade, Gás e Água.
No entanto, ainda muito pouco tem sido feito no sentido de enveredar por caminhos de redução dos consumos energéticos e de água, pela via da eficiência energética e sustentabilidade ambiental.
As PME experienciam, neste momento, grandes desafios no que toca à redução de custos como factor de aumento da competitividade no mercado global, em que por vezes descuram qualquer tipo de investimento em factores de eficiência energética e sustentabilidade ambiental, muito mais se os Tempos de Recuperação do Investimento excederem os 6 anos.
Pela via do investimento em factores de eficiência energética, as empresas podem intervir ao nível da redução da factura de electricidade, assim como ao nível da redução da dependência de gás ou de outros combustíveis fósseis para aquecimento. Seja através da redução da intensidade da iluminação dos seus edifícios, seja através do ajuste dos factores de potência nos PT (postos de transformação), seja através do investimento na microgeração energética, através da instalação de plataformas de painéis fotovoltaícos ou até mesmo de pequenos aerogeradores, seja através da utilização de iluminação LED ou fluorescente, podemos obter reduções dos consumos eléctricos, em média, na ordem dos 34%, segundo estudos da Agência Internacional de Energia. Dependendo da ordem de grandeza do investimento da microgeração, ainda haveria a hipótese de vender energia à rede eléctrica. Quanto ao factor do aquecimento dos edifícios, a eficiência energética pode ser posta em prática através do investimento num bom isolamento térmico, reduzindo em cerca de 80% a necessidade do uso de aparelhos de ar condicionado; a utilização de caldeiras de aquecimento a gasóleo, que por sua vez são extremamente ineficientes, e altamente poluentes, por via da emissão de Gases de Efeito de Estufa, acarretam também elevados custos com combustíveis para aquecimento para as empresas, problema este que poderia ser resolvido com a reconversão dessas mesmas caldeiras em caldeiras de aquecimento a Biomassa. A vantagem seria, para além da redução das emissões de gases de efeitos de estufa, a aposta numa energia renovável, por via de uma matéria – prima inesgotável na Natureza, a lenha ou o refugo florestal, a preços baixos e com uma grande capacidade de geração de energia. Com isto reduzir-se-iam a metade os custos com o aquecimento dos edifícios.
No que concerne à sustentabilidade ambiental, uma solução viável e que muito tem sido debatida e aplicada em vários pontos do Mundo, principalmente naqueles onde a água é mais escassa, é o aproveitamento de águas pluviais e a reutilização de águas residuais tratadas. Ou seja, com este investimento reduzir-se-ia o consumo de água provinda da rede, para além do facto de se reduzir a taxa de rotação dos consumos de água em dois terços. Para obter este tipo resultados, a instalação de sistemas colectores de águas residuais e pluviais e de câmaras de tratamento e purificação dessas mesmas águas seria a solução mais viável, existindo já grandes exemplos de sucesso no que toca a estes sistemas, assim como várias empresas com grande Know-how neste tipo de projectos. Em média este tipo de investimento contribuiria para a redução dos custos com água na ordem dos 62%, segundo os dados de um último estudo da Universidade de Aveiro em conjunto com o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Em suma, este tipo de investimentos em eficiência energética e sustentabilidade ambiental, de uma forma global, permitiriam às empresas uma redução significativa dos seus custos, sendo que os Tempos de Recuperação de Investimento rondam em média os 8 anos, acabando por compensar, tendo em conta os ganhos de competitividade por via da redução de custos, assim como os ganhos ambientais por via da redução do consumo de electricidade, consumo de energias renováveis e redução de emissões directas e indirectas de Gases de Efeito de Estufa (o que é útil no mercado de transacção de créditos de carbono, podendo gerar outros proveitos para a empresa).