sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Resíduos: da ameaça à oportunidade

A acumulação irregular e desproporcionada de resíduos, em locais públicos, constituí uma ameaça para os solos, ar e para a saúde pública, é uma problemática que tem que ser estancada e combatida. É deveras deprimente observar, tantas vezes por esse país fora, a panóplia de lixeiras a céu aberto, que tanto desconforto causam e tão nocivas são.
É por isso urgente proceder-se à implementação de acções de sensibilização e consciencialização, com o objectivo de abolir este tipo de calamidade, envolvendo de forma mais activa os cidadãos neste tipo de questões.
De igual modo é necessário mudar toda a abordagem referente à recolha, gestão, tratamento e valorização de resíduos urbanos.
É necessário ser mais abrangente em relação à disposição de pontos de recolha de resíduos, ser mais eficiente ao nível da gestão e encaminhamento do mesmo, assim como apostar fortemente na valorização energética e reforçar o enfoque na reciclagem e reutilização. É também necessário acabar de uma vez por todas com os aterros, que actualmente estão a 94% da sua lotação máxima, e proceder ao investimento na construção de centrais de tratamento e valorização de resíduos.
Um aspecto importante no meio de tudo isto, e que se torna extremamente pertinente abordar, é a necessidade de apostar fortemente na produção de Combustíveis Derivados de Resíduos, os quais podem ser utilizados com enorme eficácia em máquinas agrícolas ou no sector dos transportes públicos, reduzindo o impacto ambiental derivado dos combustíveis fósseis, ao mesmo tempo que geraria oportunidades e ganhos económicos no que à gestão de resíduos concerne.
Por tudo isto é urgente mudar toda a abordagem que temos para com os resíduos, levar a cabo uma melhor gestão dos mesmos, reforçar os processos de transformação, erradicar a sua deposição em aterros, e acima de tudo potenciar a valorização energética, deste modo os resíduos deixarão de ser uma ameaça, passando a ser uma oportunidade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A crise do Ambiente e o futuro da Agricultura

Nesta minha reflexão irei começar por realçar a importância da Agricultura em toda a estrutura económica mundial.
É certo que a Agricultura é uma actividade bastante sensível às estações do ano, à regulação meteorológica e às instabilidades climáticas.
Torna-se então cada vez mais imperativo agir de forma contundente, no sentido de estimular a produção agrícola, evitando possíveis vagas de escassez de produtos agrícolas, que tão importantes são para a alimentação da população mundial.
Todavia, aquilo a que se tem assistido é a uma tendência para a redução dos stocks de matérias-primas agrícolas, tais como o trigo, o milho, o cacau, a soja, o arroz, etc, causando falhas ao nível dos fornecimentos, gerando pressão sobre os preços, derivando no aumento do preços dos bens essenciais, deixando muitos cidadãos em situações de deficit alimentar.
Não é que estejamos a assistir a uma menor produção agrícola devido às alterações climáticas, que derivaram em inúmeras catástrofes nos últimos tempos, estamos sim a ignorar certos pressupostos que nos poderiam ajudar a produzir de forma mais eficiente. Esses pressupostos passam pela apropriada utilização dos solos, pela eficiente utilização de fertilizantes não poluentes, por um enfoque nos produtos certos, pela utilização racional da água, assim como o impacto da produção agrícola e pecuária a nível ambiental, entre outros.
Torna-se então necessário definir novos paradigmas ao nível da produção agrícola, sendo esta responsável por cerca de 24% das emissões de gases com efeitos de estufa, por via da utilização de máquinas agrícolas pouco eficientes a nível energético, consumindo elevadas quantidades de combustível, sendo que não deve ser rejeitada a importância destas em todo o processo, o que se pede é que invistamos em tecnologias de produção mais eficientes. Outro problema tem que ver com os produtos subsidiários da produção, tais como adubos, pesticidas, herbicidas, etc, que causam grandes constrangimentos ao solo, por via do elevado teor de químicos neles presentes, podendo até contaminar de certa maneira os lençóis freáticos, colocando pressão sobre a água neles existente. Pede-se então, neste caso, que se potencie o uso de produtos naturais como restos de frutos, excrementos de animais, entre outros, como elementos de combate às ervas daninhas, que tanto prejudicam a produção, sendo também elementos potenciadores da produção, constituindo-se como óptimos fertilizantes. Estaríamos não só a reduzir a dependência de químicos, como também estaríamos a proteger os solos e a potenciar uma agricultura sustentável.
Mais ei-la a questão das questões, e é aqui que agimos de forma errada, que é a questão da produção agrícola e pecuária. É certo que se não mudarmos os paradigmas da utilização racional das matérias-primas agrícolas produzidas, estaremos em maus lençóis no que toca à segurança alimentar.
Uma breve estatística realizada pelo BANCO MUNDIAL revela que em média um Chinês consome por ano cerca de 100KG de cereais, um Europeu consome em média cerca de 600KG, directa e indirectamente, e um Americano consome cerca de 1000KG, directamente e indirectamente. Enquanto que um Chinês tem uma dieta mais equilibrada baseada em legumes, cereais, frutos, peixe, um Europeu já tem padrões alimentares nos quais prevalece uma forte componente de carnes, daí consumir directa e indirectamente cerca de 600KG de cereais, sendo que liquidamente consome cerca de 90KG, sendo os restantes 510KG destinados à produção dos cerca de 100KG de carne que consome anualmente, a mesma explicação se aplica ao Americano, que consome cerca de 130KG de cereais, liquidamente, sendo os restantes 870KG destinados à produção dos cerca de 370KG de carne que come por ano.
Isto é grave e revela que os nossos hábitos alimentares estão de certa forma a condicionar a produção agrícola, uma vez que grande parte das produções anuais, cerca de 79%, são destinadas à produção animal. Imagine-se que agora, e de forma legítima, o Chinês também queria ter o mesmo padrão alimentar que o Americano, aí estaríamos em maus lençóis, sendo que ficávamos apenas com cerca de 10% da produção disponível para o consumo, o que é pouco e pode criar movimentos hiperinflacionistas sobre os preços desses bens agrícolas.
Estamos a agir de forma errada, por um lado estamos a condicionar a disponibilidade de cereais e similares, por outro estamos a contribuir para o aumento dos gases com efeito de estufa, uma vez que o processo flatulento ligado à criação de animais para consumo humano é responsável por cerca de 47% das emissões.
Vejamos então de que lado se encontra um dos cancros da Agricultura e da produção agrícola como as conhecemos, assim como o contributo da produção ineficaz e desregrada de ,com vista ao consumo, para a degradação ambiental. Torna-se então importante agir, ou ao nível da mudança de comportamentos, o que é extremamente complicado, uma vez que a mente do ser humano é algo completamente imprevisível, ou então intervir ao nível da governança, taxando de forma abrupta a produção pecuária, com o objectivo de desencorajar a produção desmesurada, canalizando as matérias-primas agrícolas usadas nessa produção para os mercados de acesso humano, aumentando a disponibilidade de cereais e similares, aumentando a oferta, de forma a que possamos obter uma maior segurança alimentar a este nível, assim como obter bens essenciais a preços humanamente mais adequados. Deste modo quem fosse ineficiente ao nível dos consumos de bens de origem pecuária, pagaria por isso, o que per si desincentivaria o consumo e consequentemente a produção excessiva ao nível pecuário, ou tornaria mais eficiente toda a sua produção.
Sendo assim, penso que estas deixas podem colocar este tema da Agricultura, do seu futuro, das estratégias de produção e alocação de bens e do seu impacto ambiental em cima da mesa do debate ambiental, podendo-se chegar a consensos que nos permitam garantir a segurança alimentar das gerações vindouras, uma maior eficiência do sector agropecuário e agrícola, assim como uma mitigação do impacto ambiental associado a estas actividades.
Finalizando, queria só deixar aqui patente que muito mais poderia ser dito acerca desta temática, tendo eu abordado as questões que para mim são mais prementes, não tendo frisado, por exemplo, questões relacionadas com a utilização de um elevado teor de cereais, tais como o milho, para a produção de biocombustíveis, ameaçando a disponibilidade deste bem para acesso humano.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ambiente: Por um futuro sustentável

O Ambiente e toda a problemática adjacente estão cada vez mais na ordem do dia.
É sabido que o nosso planeta corre o risco de sofrer aumentos de entre 2 a 4ºC, ao nível da temperatura média, nos próximos 30 anos, podendo dar origem ao aumento do nível da água do mar, fruto do degelo intensificado dos glaciares, ao mesmo tempo que serão postas em causa a agricultura e silvicultura, devido à desregulação das estações, podendo por si só derivar em complicações no fornecimento alimentar e em todo o processo de regeneração do dióxido de carbono. Outro factor que seria certamente afectado seria o sector da água, podendo-se assistir a quebras nos fornecimentos de água, em grande parte consequência de prolongadas secas e da dificuldade no reestabelecimento dos stocks de água potável.
É por isso urgente agir, de forma contundente, no sentido de, cada um à sua maneira, poder travar este movimento de degradação ambiental, seja através de um consumo mais eficiente de electricidade, água, bens alimentares, etc, seja através da redução da utilização do automóvel, seja através da promoção de uma correcta gestão dos resíduos e consequente valorização, seja através de práticas proactivas que visem potenciar a renovação e expansão do stock florestal, privilegiando sempre as espécies autóctones.
Enfim, existem um sem número de atitudes a ter em conta, um sem número de acções a levar a cabo, mas acima de tudo o que importa aqui referir é que o mais importante é haver consciência de que a degradação do Ambiente é algo que já nos está a causar constrangimentos actualmente, como disso é exemplo a desregulação do clima e as catástrofes naturais a que temos vindo a assistir, a par da diminuição dos stocks agrícolas, causando aumentos generalizados dos preços das matérias primas agrícolas, dando lugar a uma escalada dos preços dos bens essenciais, criando ainda mais constrangimentos aos cidadãos de menores recursos.
Como vêm o Ambiente é um problema de todos e de cada um.
É certo que sozinhos não podemos resolver nada, mas se adoptarmos comportamentos e medidas em conformidade, é indubitável que podemos passar um pouco ao lado do que a ciência prevê.
Está na altura de acabar com todo o cinismo à volta desta questão, está na altura de agir de uma forma mais ética e, acima de tudo, está na altura de pensar num futuro melhor para as gerações vindouras.