quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Ataque da crise: Preço dos cereais aumentou 76% num ano

O preço dos cereais disparou 76 por cento no último ano e deve continuar a subir, afectando bens alimentares básicos como o pão e a massa. E nesse campo Portugal está altamente dependente, uma vez que importa 75% dos cereais que são consumidos anualmente no nosso país.
Em termos económicos, esta questão é extremamente preocupante para o nosso país.
Este ano, a produção de cereais em Portugal vai atingir mais um mínimo histórico, ficando abaixo das 180 mil toneladas, segundo as Previsões Agrícolas divulgadas em meados de Agosto pelo INE, o que agrava ainda mais a situação.
Entre Junho de 2010 e Junho de 2011, o índice de preços da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) registou um aumento de 76 por cento, deixando Portugal ainda mais fragilizado.
Muitas pessoas e instituições não têm noção que este é um sector, no qual temos enormes necessidades, quer a nível da alimentação humana (pão e massas), quer a nível das rações para alimentar os animais que produzem a carne que consumimos.
No entanto, a solução para ultrapassar este problema pode não passar, como muitos pensam, pelo aumento da área cultivada, mas antes pela mudança da tecnologia utilizada.
Existe uma enorme expectativa dos produtores em relação ao Alqueva e às zonas onde há barragens.
Se os cereais, que tradicionalmente eram cultivados em regime de sequeiro, passarem a ser de regadio, significa que a produção pode aumentar, com uma área inferior.
Mas falta dinheiro para investir em processos que facilitem o aumento de produtividade. Há que fazer investimentos, comprar sistemas de rega, dar formação aos empresários agrícolas. É preciso dinheiro, tempo e vontade e a conjuntura actual não é muto favorável até porque a banca não está muito disponível para emprestar aos empresários que queiram investir.
Em suma, só investindo no aumento da produtividade agrícola (tonelada por hectare) podemos obter melhores resultados em termos do produto das colheitas, e com isso dar um forte impulso para a redução do nosso défice agro-alimentar, de cerca de 4 mil milhões de euros. Vale a pena tentar!