segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

O Mundo em mudança, a energia muda com ele




Não há sombra de dúvidas que o panorama energético mundial está em mudança, e perto de um ponto de inflexão. O xadrez no qual se jogava o jogo do mundo da energia está a mudar, e com ele está a mudar o equilíbrio de forças e a forma como a economia mundial pode evoluir. Quando muitas das certezas eram tidas como absolutas, e quando o futuro da energia mundial era evidente, eis que a surpresa vem com grandes mudanças que estão a ocorrer, sem que ninguém fale nas mesmas:

- Há menos de 3 anos a aposta na energia nuclear, os fortes investimentos no sector e as perspectivas futuras respectivas indiciavam o renascimento do sector em termos globais. Eis que surge o acidente nuclear em Fukushima, Japão, e tudo é posto em causa e, de uma aposta estratégica, o sector passa para um estado de dúvida eminente e, na sequência, muitas nações abandonaram os seus programas de produção de energia nuclear, outros definiram planos progressivos de descontinuação, sendo poucas as que mantiveram a aposta;

- Há 5 anos atrás os EUA sofriam de uma crise ao nível da exploração de petróleo, tendo atingido o pico, e tornando-se cada vez mais dependente em termos energéticos. Desde essa data, e devido aos avanços ao nível da fracturação hidráulica, e da produção a partir do xisto betuminoso, os EUA aumentaram o "output" em cerca de 56% e reduziram as importações em 40%;

- Há 4 anos atrás os custos dos painéis solares eram exorbitantes. No entanto, um rápido aumento de capacidade produtiva por parte da China levou à criação de excedentes, que fez com que os custos reduzissem mais de 60%;

- Há cerca de meia década os EUA encabeçavam a lista dos maiores importadores de GPL em todo o mundo, gastando mais de 100 Milhões de dólares por ano, só para compensar o défice em termos de produção doméstica. Agora, e graças ao desenvolvimento na exploração de gás de xisto e de xisto betuminoso, fruto de um investimento estratégico e sustentado, os EUA estão-se a tornar exportadores de gás de xisto para a Ásia e para a Europa;

- Há 2 anos atrás a Alemanha movia-se a todo o gás para se tornar um produtor de topo de energias renováveis, investindo centenas de milhares de Milhões de euros, e criando uma Agenda para a Energia Renovável como principal fonte de energia do país. Actualmente, essa mesma Agenda foi posta em causa devido aos elevados custos e à perda de competitividade, no que concerne aos custos energéticos, em termos internacionais para nações como os EUA;

- A produção de energia eléctrica através da queima de carvão foi dada como extinta, fizeram-lhe o funeral, mas, no entanto, as vantagens em termos económicos para países como a China, que apostou forte neste tipo de produção, resultou num reduzir de custos energéticos, que contribuiu para que mais de 572 Milhões de Chineses pobres aumentassem os seus rendimentos, e evoluíssem com a evolução industrial e económica do país; possibilitou aos mesmo ter acesso a melhores cuidados de saúde e alimentação, que compensaram os efeitos da poluição decorrente das emissões das centrais de produção a carvão, para a sua saúde, que de outra forma não seria possível;

A rapidez destas mudanças constitui um desafio para a indústria, para os governos e para os consumidores que dependem da energia, devido aos elevados custos de investimento e à natureza de longo prazo dos mesmos. Entre 10 a 15 anos podem passar desde que é descoberto um poço de petróleo, até ao momento em que começa a exploração efectiva. Uma central de produção de energia pode levar 5 anos a construir, e pode operar cerca de 60 anos ou mais. E, no entanto, durante este período de tempo muita coisa muda...

Por estas e por outras é que é importante estar atento às tendências, à evolução do xadrez energético, à disponibilidade dos recursos energéticos, às tecnologias disponíveis, às questões ambientais inerentes, uma vez que os investimentos energéticos avultados de hoje, que não tenham suporte em termos futuros, podem levar a desperdícios de capital, que poderia ser útil para desbloquear outros tipos de investimentos mais acessíveis, mais eficientes e mais abrangentes.

Porque a energia é importante para o desenvolvimento económico, para a sociedade, para a coesão e para criação de riqueza, é importante atentar nas tendências em curso, ao mesmo tempo que se balanceiam os impactos ambientais, das opções tomadas, com os impactos económicos.

terça-feira, 26 de março de 2013

A ideia errada sobre a “Hora do Planeta”


Escrevo estas linhas porque tenho assistido à forma errada como a “Hora do Planeta”, iniciativa da WWF, organização que aconselhei em acções esporádicas, a nível nacional e ibérico, que leva a que os cidadãos pensem que o facto de desligarem as luzes todas durante uma hora resolve alguns dos problemas ambientais e energéticos da Terra, nem que seja simbolicamente.
Nada mais errado, porque enquanto se pensa só em desligar luzes não se aborda o verdadeiro problema em termos de consumos de energia eléctrica, que são os aparelhos de ar condicionado, o aquecimento, as televisões, os computadores e os telemóveis, os quais têm uma utilização muito mais intensiva de energia eléctrica que propriamente as luzes, que aliás até estão cada vez mais eficientes e mais economizadoras.
Hipoteticamente desligar as luzes durante uma hora reduziria as emissões de dióxido de carbono das centrais eléctricas de todo o mundo. Contudo, mesmo que todos, no mundo inteiro, apagassem toda a iluminação da casa, e isso se traduzisse inteiramente na redução de CO2 a essa hora, seria o equivalente  à China pausar as suas emissões de dióxido de carbono durante menos de quatro minutos. Ou seja, 4 minutos de consumos na China equivalem a mais de 1 hora no resto do Mundo. Ainda querem discutir o busílis da questão?
A verdade é que a Hora do Planeta levará a um aumento das emissões.
Tal como foi descoberto pelas operadoras britânicas da rede eléctrica nacional, uma pequena redução no consumo de electricidade não leva a que seja bombeada menos energia para a rede, pelo que as emissões não diminuem, porque as centrais continuam a colocar energia na rede. Além disso, durante a Hora do Planeta, qualquer queda significativa na procura de electricidade conduzirá à diminuição das emissões de dióxido de carbono durante aquela hora, mas isso será compensado pela posterior sobrecarga das centrais a carvão ou gás no restabelecimento do fornecimento de electricidade. Sim, porque o processo de arranque em termos de ligação das luzes equivale à quase totalidade da poupança gerada nessa mesma Hora do Planeta.
Tudo bem, desligamos as luzes durante uma hora, ficamos todos satisfeitos, acendemos umas velinhas e fica tudo bem. Não, antes pelo contrário, as emissões de dióxido de carbono das ditas velinhas são superiores ao dióxido de carbono evitado através do “apagão” das luzes, uma vez que estas contêm parafina, que deriva dos combustíveis fósseis, sendo mesmo cerca de 100 vezes menos eficientes que as lâmpadas.
A electricidade trouxe enormes benefícios à humanidade. Perto de três mil milhões de pessoas, para cozinharem e para se aquecerem, continuam a queimar, dentro de suas casas, estrume, galhos e outros combustíveis tradicionais, gerando fumos nocivos que matarão cerca de dois milhões de pessoas todos os anos, sobretudo mulheres e crianças, que são menos resistentes respiratoriamente, como advoga a Organização Mundial de Saúde.
Da mesma forma, a electricidade permitiu-nos mecanizar grande parte do nosso mundo e eliminar a maioria do trabalho extenuante. A máquina de lavar roupa libertou a mulher de passar horas infindáveis a transportar água e a esfregar roupa nas tábuas de lavar. O frigorífico permitiu que quase toda a gente possa comer mais fruta e vegetais, deixando de comer alimentos apodrecidos, sendo essa a principal razão para o facto de o cancro mais prevalecente nos homens na década de 1930, o cancro do estômago, ser agora o menos frequente.
A electricidade permitiu-nos regar os campos e sintetizar fertilizantes a partir do azoto do ar. A luz que produz permitiu-nos ter uma vida activa e produtiva quando escurece. Em média, a electricidade consumida por cada habitante dos países ricos equivale à energia de 56 empregados que estariam ao seu serviço. Mesmo os povos da África Subsahariana dispõem de electricidade equivalente a cerca de três empregados. Não é de poupança de energia que os africanos precisam, mas sim de mais electricidade.
Isto é relevante não apenas para os países pobres. Devido ao aumento dos preços da energia decorrente das subvenções para as energias verdes, 800.000 famílias alemãs já não conseguem pagar as suas facturas de electricidade. Isto está relatado na imprensa regional alemã. No Reino Unido, mais de cinco milhões de pessoas têm actualmente dificuldades em fazer face às suas despesas de electricidade e o regulador eléctrico do país, assim como a gestora da rede de distribuição, a Nationalgrid, evidenciam publicamente os seus receios de que os objectivos em matéria de ambiente possam levar a cortes de electricidade dentro de menos de nove meses.
Actualmente, a energia eólica e solar que produzimos representa apenas uma pequena fracção da energia de que precisamos – 0,7% das nossas necessidades provêem da energia eólica e 0,1% provêem da energia solar. Estas tecnologias são ainda muito dispendiosas, além de que não são fiáveis, pois continuamos a não saber o que fazer quando o vento não sopra, ou quando não está sol. Mesmo com os pressupostos mais optimistas, a Agência Internacional de Energia estima que, em 2035, estaremos a produzir apenas 2,4% da nossa energia a partir do vento e 0,8% a partir do sol.
Para tornar ecológica a energia mundial, temos de deixar para trás a antiquada política de subsidiar as energias solar e eólica, que não são fiáveis – uma política que fracassou durante 20 anos e que fracassará nos próximos 20. Em vez disso, devemos focalizar-nos em inventar e desenvolver novas tecnologias amigas do Ambiente, mais eficientes, para vencer na concorrência com os combustíveis fósseis.
Se queremos realmente um futuro sustentável para toda a humanidade e para o nosso planeta, não devemos mergulhar na escuridão. Lidar com os desafios climáticos desligando as luzes e jantando à luz das velas é uma solução irrealista que apenas seduz os privilegiados que beneficiam de electricidade e têm uma vida confortável.
Favorecer a investigação e desenvolvimento no sector das energias verdes pode não ser tão satisfatório como participar numa tertúlia global com lanternas e boas intenções, mas é certamente uma ideia muito mais inteligente.
Costumava pensar a questão das energias alternativas e do Ambiente de uma forma mais leviana, mas o conhecimento adquirido com a experiência, as conversas com especialistas fiáveis e a análise custo/benefício das várias soluções ao dispor deram-me mais lucidez.

E eu que fui uma das pessoas que mais se envolveu e mais viveu a dita “HORA DO PLANETA”.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O problema do lixo nos municípios


Os municípios vão produzir consideravelmente mais lixo até 2025, com o maior aumento a acontecer nos municípios dos países em desenvolvimento. Prevê-se, segundo dados do Banco Mundial, que nos próximos 13 anos, o montante de resíduos municipais aumentará cerca de 1,3 biliões de Toneladas por ano, para um valor de 2,2 biliões de Toneladas por ano. O custo anual estimado com a gestão de resíduos sólidos urbanos é de cerca de 205 biliões de dólares, perspectivando se um aumento para os 375 biliões de dólares, principalmente nos países mais pobres.
No entanto, e efectuando uma análise rápida ao panorama nacional, verifica-se ainda alguma ineficácia ao nível da gestão dos resíduos sólidos urbanos, com grande parte dos municípios a ainda não valorizarem devidamente a importância estratégica deste tipo de serviço, descurando por vezes as consequências sociais e económicas, para não falar nas consequências ambientais, deste tipo de atitude. Urge tomar medidas para levar a cabo uma melhor gestão dos resíduos, reforçando a rede de pontos de recolha, e sensibilizando a população para a importância de consumir mais adequadamente, como forma de reduzir os resíduos e desperdício produzidos, para que invertamos a tendência, assim como sensibilizando as empresas para que levem a cabo acções que lhes possibilitem produzir produtos com embalagens mais ecológicas, mais ergonómicas e mais eficientes em termos de consumo de materiais.
Não obstante, os municípios têm um papel fundamental neste capítulo, uma vez que é no seu orçamento que os custos com a gestão de resíduos mais pesam, o que por si só pode levar a situações de redução de serviços e desinvestimento na rede de pontos de recolha, como forma de redução de custos. E custa-me saber que muitas Câmaras têm cortado na gestão de resíduos como forma de poupar dinheiro, dinheiro esse que irá para o pagamento de dívidas relativas a obras que forma feitas sem qualquer sustentabilidade e rigor.
No entanto, a gestão de resíduos é o mais importante serviço que qualquer município pode prestar, sendo muita vezes, e em vários municípios, o sector que mais emprego cria e com um elevado potencial económico para o País.
Qualquer município que não seja capaz de gerir eficazmente o seu sistema de gestão de resíduos, também não é capaz de gerir serviços mais complexos como a saúde, educação, acção social e transportes.
É por isso que urge investir cada vez mais neste sector  com tanto potencial, e que muitas vezes é visto como não sendo sexy. Mas sem limpeza e salubridade, todos se cansarão de ser sexy.

sábado, 3 de novembro de 2012

Ganhar dinheiro poupando o Ambiente: a importância do envolvimento de todos

Segundo dados recentemente divulgados por algumas organizações ambientalistas, 16% de toda a energia consumida provém de dentro das habitações. É um número elevado.
No que concerne às questões energéticas é certo sabido que Portugal não é autossuficiente, sendo 76,7% dependente do exterior, daí estar sujeito a toda e qualquer flutuação do mercado de preços, questões geopolíticas e conflitos em países produtores de gás e petróleo, assim como a quebras nos fornecimentos, que podem pôr em causa a produção das empresas, a prestação de serviços públicos, enfim toda a Economia e seus movimentos, tal como conhecemos.
É certo que a incorporação de energias renováveis (hídrica, fotovoltaica, biomassa e eólica) representam uma fatia importante no nosso mix energético, no entanto a fatia de leão das nossas matérias-primas energéticas é constituída pelo petróleo, gás e carvão.
O petróleo mantém um papel essencial na estrutura de abastecimento, representando 49,1% do consumo total de energia primária, O gás natural contribuiu, no último decénio, para diversificar a estrutura da oferta de energia e reduzir a dependência exterior em relação ao petróleo. Manifestou uma evolução positiva no mix energético, representando este combustível 19,7%. O consumo de carvão representa 7,2% do total do consumo de energia primária. Prevê-se uma redução progressiva do peso do carvão na produção de eletricidade, devido ao seu impacto nas emissões de CO2. O contributo das energias renováveis no consumo total de energia primária é de 22,8% contra 20% em 2009.
Os resíduos industriais e o saldo importador de eletricidade tiveram, respetivamente, uma contribuição de 0,2% e 1,0% no consumo total de energia primária.
Tendo tudo isto em mente, e tendo em conta que em 2013 a fatura de eletricidade volta a subir – 2,8%, em princípio – pelo que a eficiência e poupança energética representará um fator cada vez mais importante para a sustentabilidade económica das famílias, uma vez dado o peso representativo dos consumos domésticos de cerca de 16% nos consumos totais, e aí sim podemos fazer a nossa parte e impactar na redução da dependência externa através da redução dos nossos consumos, sendo mais eficientes.
Para isso deixo aqui algumas simples dicas/medidas que podem ajudar a consumar este impacto e esta redução de consumos, que causa impacto no bolso e no Ambiente, assim como na balança comercial do país, tornando Portugal menos dependente. Ei-las:
1.Desligue as luzes sempre que uma divisão está vazia, nem que seja por 1 minuto.
2.Substitua lâmpadas incandescentes pelas economizadoras, não espere pela altura em que as primeiras cheguem ao fim de vida. Há lâmpadas que poupam mais de 80% em energia. A Deco diz que este gesto permitirá reduzir em 25% o consumo energético anual.
3.Desligue – mesmo – os aparelhos eletrónicos, uma vez que estes continuam a consumir eletricidade no modo stand-by.
4.Retire o carregador do telemóvel da tomada quando o seu aparelho estiver carregado. Ele continua a consumir energia.
5.Cozinhe com tachos tapados para evitar perdas desnecessárias de calor.
6.Descongele os alimentos com antecedência, evitando assim utilizar o micro-ondas.
7.Prefira programas económicos das máquinas de lavar loiça e roupa, que gastam menos água e energia, especialmente se os utilizar com a carga máxima.
8.Evite a pré-lavagem e opte pelos programas de baixas temperaturas.
9.Aproveite o Sol e abdique das máquinas de secar roupa.
10.Reduza o tempo de abertura do frigorífico, que é responsável por 20% do consumo total deste equipamento. Assim, irá também levar à diminuição da acumulação de gelo, aumentando a capacidade de refrigeração e congelação.
11.Opte pela tarifa bi-horária, um período em que a eletricidade é mais barata, é sobretudo à noite.
12.Na hora do banho pense nos litros de água desnecessários que irá gastar. Prefira um duche rápido a um banho de imersão.
13.Feche a torneira quando se ensaboa ou lava os dentes.
14.Opte por autoclismos com dois volumes de descarga, um de três e outro de seis litros. Se não quiser comprar um autoclismo novo, coloque uma garrafa cheia de água no respetivo depósito, diminuindo assim o volume total de cada descarga.

Desta forma pouparemos dinheiro, energia, os recursos hídricos, os equipamentos e acima de tudo estamos a dar o nosso contributo para um país ambientalmente mais viável.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O consumismo é a arma de destruição massiva do planeta Terra!

Terminada a Conferência Mundial sobre sustentabilidade das Nações Unidas, no Rio de Janeiro, denominada Rio+20, que decorreu entre 22 e 24 de Junho, há algumas considerações e conclusões a reter e nas quais todos devem refletir: o planeta Terra está a ver os seus recursos esgotarem-se cada vez mais, nos últimos 10 anos demos cabo de cerca de 1/3 dos recursos do nosso planeta, reduzimos em 40%  a disponibilidade de água potável e condicionamos a capacidade de renovação do ciclo da água no planeta, o nosso consumo desenfreado e forma como nós estamos a ser influenciados pela publicidade agoniante que nos entra todos os dias pelos olhos dentro, a forma como as alterações climáticas estão a influenciar em larga escala algumas das catástrofes e acontecimentos ambientais, e muito mais.
Mas o que quero hoje abordar, e de forma muito sucinta, é a forma como nos tornamos consumistas, e como tal contribui para degradar o nosso planeta, assim como condicionar a nossa felicidade.
Visualizem, por momentos, a vida de uma pessoa que quer cada vez mais e mais, mais carros, mais casas, mais gadgets, mais eletrodomésticos, mais bens desnecessários. Essa pessoa terá tendência a querer trabalhar cada vez mais e mais para obter mais bens, mas quanto mais bens obtém, mais bens quer, sendo que quando chega a casa do trabalho já não tem paciência para se envolver em atividades da sua comunidade, não tem tempo para visitar os familiares e amigos, não tem tempo para praticar desporto, etc... só tem tempo para se sentar perto da televisão, que por sua vez está repleta de anúncios que nos fazem crer que somos umas "nódoas" por não termos determinado produto, e aí nós, cansados e desgastados de trabalhar, sem vida social e comunitária, vamos querer ter este ou aquele produto para nos sobressairmos, o que leva para o ciclo de trabalhara cada vez mais e usufruir e viver cada vez menos.
Agora imaginem, por momentos, não mais que 5 minutos, o impacto que tudo isto tem no Ambiente, com as indústrias a produzirem cada vez mais bens desnecessários, a poluírem cada vez, uma vez que os processos produtivos sobreaquecidos não garantem a devida gestão do desperdício, e a extraírem cada vez mais matéria da Natureza, sim, da Natureza, porque as "coisas" são feitas de algo, e como o nosso planeta nos suporta, também é de "cá" que extraímos o que necessitamos. Tudo isto aumento ainda mais o peso do corporativismo e a sua influência sobre os governos, que perto destas mega empresas de produção em massa parecem muito pequenos e subservientes. Agora imaginem que para muitas vezes comprarmos produtos baratos, que para quem consome muito é bom, é necessário utilizar petróleo do Iraque, onde não se respeitam os direitos humanos e dos solos, efetuar a produção de componentes na China ou na África do Sul, onde se pagam salários humanamente ridículos e onde se abusa da mão-de-obra infantil, efetuar os processos de montagem no México ou no Congo, onde colocam crianças de 10 anos a trabalhar e degradam em larga escala os recursos naturais como água, solos, ar, etc. Tudo isto só para termos um produto barato, externalizando os custos de processo e os custos ambientais, dando cabo de zonas importantes no Mundo e de gente acima de tudo.
Vejam este vídeo e perceberão: http://www.youtube.com/watch?v=gLBE5QAYXp8

Enfim, em vez de nos preocuparmos com melhores índice de educação, em cuidarmos melhor das nossas crianças e idosos, em investirmos em mais atividades que promovam uma vida saudável, em serviços que visem promover uma gestão adequada dos ecossistemas e dos recursos naturais, investirmos mais na cultura, no desporto, e não só no futebol, e digo isto mesmo sendo um ferrenho aficionado, investirmos na produção de energia limpa, e acima de tudo investirmos no consumo racional, consumindo apenas o essencial e necessário. Mas melhor que tudo investir em felicidade, passando tempo com amigos, trabalhando para a comunidade e fazendo mais e melhor pelo país e mundo. A isto de dá o nome de FIB (Felicidade Interna Bruta) e não PIB (Produto Interno Bruto).

Façamos algo antes que seja tarde. É por isso que a letra desta música dos Linkin Park: "What I've done!" - http://www.youtube.com/watch?v=8sgycukafqQ - diz muito.

Como disse John F. Kennedy, acerca do PIB: "O Produto Nacional Bruto contabiliza a poluição atmosférica e a publicidade de cigarros. E as ambulâncias para remover os feridos em auto estradas. Considera as fechaduras especiais para as nossas portas e as prisões para as pessoas que as arrombam … Conta a destruição das florestas e a perda, que se espalha caoticamente, de nossas belezas naturais. Ao mesmo tempo, o PNB não leva em conta a saúde de nossas crianças, a qualidade de sua educação e a alegria de suas brincadeiras. Não inclui a beleza de nossa poesia ou a solidez de nossos casamentos, a inteligência de nossos debates públicos ou a integridade de nossos homens públicos … Mede tudo, em resumo, menos aquilo que faz com que a vida valha a pena."


sábado, 5 de maio de 2012

A problemática do desmazelo na gestão de resíduos em pelo séc. XXI

A gestão de resíduos assume-se cada vez mais como um dos pilares das políticas ambientais, e como foco da sua conceção.
É cada vez mais notória a preocupação da população em fazer mais e melhor neste campo, em contribuir para a sustentabilidade da sua terra, da sua região e do seu país. Não obstante, ainda existem casos de desmazelo, casos graves que revelam falta de cuidado e consciência, reveladores de um desrespeito tal pela Natureza e pela população, que nem o argumento economicista justifica tais atos.
A nível nacional têm-se verificado cada vez mais casos de deposições irregulares e preocupantes de resíduos, a céu aberto, sem qualquer pudor e preocupação com os solos, com as águas subterrâneas e com a saúde das populações.
Concretamente falando, no distrito de Aveiro, tem-se assistido, ultimamente, a um sem número de situações graves e que decorrem com a conivência e consentimento das instituições responsáveis pela defesa e gestão dos bens públicos.
A saber-se, mais recentemente, em duas freguesias do concelho de Vagos, mais propriamente em Santo António e em Soza, foram desvendadas lixeiras e aterros a céu aberto, que continham e contêm um pouco de tudo, desde eletrodomésticos, roupas, lixos domésticos entulho, pneus usados e velhos, plásticos, ou restos verdes depositados, tendo mesmo havido à conta disso um foco de incêndio. Mas e o que não está à vista, por estar soterrado pelas Juntas?
Mais grave ainda é a possibilidade de numa destas lixeiras, que a Junta de Freguesia gere como um aterro sanitário, ter havido um apoio financeiro do próprio município. Como todos os custos inerentes a uma correta gestão e eliminação de resíduos perigosos, não será difícil de pensar que no meio de tudo o que ali é depositado existam também substâncias contaminantes, muito perigosas para o ambiente, mas também para a saúde das populações, pois as lixeiras estão perto de habitações e podem contaminar as águas subterrâneas. Há quem morra por esse Mundo fora devido ao consumo de água contaminada por poluentes.
Pude acompanhar este caso, que me foi reportado pela Quercus e por elementos do Limpar Portugal, tendo envolvido elementos da CCDR, para que possam aferir as melhores soluções para os casos em questão.
Infelizmente é o que temos, e tenho já um longo histórico de resolução, ou tentativa de resolver, casos deste género. Até na minha terra, Arouca, já se resolveram alguns deste género, com a colaboração do SEPNA - Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente da GNR, assim como com entidades competentes.
No caso de Vagos, o mais estranho é existir um Vereador que sabia de tudo isto e sempre se calou, não alertou qualquer entidade competente e não desencadeou nenhuma diligência. Talvez por inércia ou por economicismo?
Não me compete a mim censurar! A mim compete-me, enquanto cidadão, neste caso cidadão ativo em questões ambientais, procurar contribuir com soluções, mas chamando sempre a atenção de quem se desleixa e prevarica.
Gerir resíduos não é uma brincadeira, por as consequências de uma má gestão afetam-nos a todos.

sábado, 10 de março de 2012

A aposta na Educação para a preservação do Ambiente com fomento à inovação e ao desenvolvimento sustentável

É por todos sabido que a Educação é o pilar fundamental para uma sociedade competitiva, evoluída, consciente e produtiva. É inegável e exemplar a  aposta que os países nórdicos, como a Finlândia, a Noruega e Suécia, fizeram na Educação de há 20 anos para cá. Essa aposta teve como pilares fundamentais: Competitividade, Empreendedorismo, Sustentabilidade e Fomento à criação das bases para uma economia competitiva, diversificada e geradora de opções.
O que é que tudo isto tem que ver com o desenvolvimento sustentável e a criação de emprego? Muito mesmo, uma vez que o desenvolvimento sustentável é aquele que garante a extensão das possibilidades de prosperidade ao maior número de cidadãos possível, tendo sempre em conta a preservação dos recursos naturais, garantindo que apenas se utiliza a Natureza no sentido da obtenção de rendimento, e não para a sua exploração insustentável, consumindo o seu capital.
E foi neste campo que os países que citei apostaram, criando as bases mentais, ideológicas e económicas para uma economia robusta, competitiva, sustentável, racional na utilização de recursos e com um forte pendor de inovação e comprometimento com os objectivos regionais e globais de sustentabilidade.
Comparações à parte, o que é importante aqui realçar é que, as economias evoluídas, que apostam na melhoria dos indicadores de preservação ambiental, utilização eficiente dos recursos, sustentabilidade da sua economia e envolvimento das comunidades empresarial, científica e social, são economias com melhores índices de desenvolvimento, com um maior pendor competitivo e com maior aptidão para inovar. Sim, inovar, porque através de uma melhor utilização de recursos, através da implementação de medidas de carácter ambiental e através do estabelecimento de estruturas de custos e de desenvolvimento centradas na racionalidade e sustentabilidade, é possível fazer diferente e melhor com os mesmos recursos. É possível construir automóveis mais leves, logo com menos consumo de energia e menos poluentes, é possível tornar o sector da aviação, responsável por 4,6% das emissões de CO2, mais amigo do ambiente e ao mesmo tempo mais eficiente, no que concerne à utilização de combustível, rubrica que equivale a cerca de 3/5 dos custos, é possível aumentar a produtividade agrícola, respeitando os solos, regulando o consumo de água, contendo os impactos da desflorestação e reduzindo o rácio de emissões por hectare produzido, é possível tornar as empresas mais rentáveis, através de consumos de energia mais eficientes, através da redução do desperdício, através do aumento das taxas de reciclabilidade, através do desenvolvimento de produtos mais eficientes a montante e a jusante da sua cadeia de valor...
Tudo isto é possível numa sociedade consciente, capaz e focada na sustentabilidade do planeta e na gestão eficiente de recursos e rentabilidade sustentável de negócios. Como tal, tudo isto só é possível se o pilar base da sociedade, a Educação, revestir e dotar os cidadãos das valências correctas e dos conhecimentos para fazer melhor com os mesmos recursos, e acima de tudo, incutindo-lhes a mentalidade de, em cada acto ou rotina, terem a sustentabilidade ambiental, a preservação do ambiente e a preocupação com as gerações vindouras em mente.
É por tudo isto que o sistema de Educação necessita de um novo paradigma, que aposte na educação para a preservação ambiental e fomento à inovação e desenvolvimento sustentável!