segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Reutilização de águas residuais tratadas longe da meta: um erro crasso!

De acordo com dados da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), em Portugal produzem-se anualmente 450 milhões de m3/ano de águas residuais, sendo que o objetivo até 2013 passa por reutilizar 10% desse total, ou seja 45 milhões de m3/ano. Mas esse objetivo não está a ser atingido.
Para termos uma ideia, os objetivos nacionais seriam atingidos se fossem reutilizadas todas as águas residuais produzidas no Algarve.
No entanto, a reutilização de águas residuais não é ainda obrigatória em Portugal.
Mas de uma forma geral pode-se afirmar, sem sombra de dúvidas, que as entidades gestoras que se encontram a operar estações de tratamento de média e grande dimensão possuem instalações de tratamento que já permitem a reutilização de águas residuais tratadas para usos próprios. Existem ainda poucos casos em Portugal de reutilização de águas residuais tratadas para outros fins.
Como exemplos: as ETAR de Armação de Pêra utilizam esta água tratada para regar campos de golfe, Vale Faro aposta na limpeza das rias e a ETAR da Quinta do Lago rega espaços verdes urbanos. As próprias entidades gestoras têm desenvolvido iniciativas de reutilização de águas residuais, como a Águas do Algarve, Águas do Oeste, Sanest e Simtejo.
Num contexto de escassez de água, de gestão da água potável disponível e de mitigação dos impactes ambientais relacionados com as recepções de águas em alta, torna-se urgente promover a utilização de águas residuais tratadas.
A vantagem para os utilizadores estaria na redução de custos relativamente à água potável convencional, concretamente no que toca ao uso para fins agrícolas e para fins industriais.
O desafio passa por aproximar o cliente final do produtor, é necessário existirem projetos de reutilização para serem concretizados, é preciso ver se há compatibilidade de características entre o produto e o uso que o receptor quer fazer dessa água.
Além disto, será necessário oferecer melhores condições de segurança e preço.
Seria necessário criar o adequado suporte institucional e legal que permita e favoreça a utilização de águas tratadas em moldes técnica, económica e ambientalmente sustentáveis.
Em suma, nos tempos atuais, em que existe escassez de água, em que cada vez mais se sobre-utiliza água para fins agrícolas e industriais, criando escassez no consumidor particular, seria de todo acertado criar todo um enquadramento legal para o fomento da utilização de águas residuais tratadas, criando as ferramentas legais que potenciem o desenvolvimento deste segmento. Ganhava o Ambiente, ganhava o consumidor e ganhava a Economia.

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