segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eucalipto: A sua vantagem ambiental e económica na produção de combustíveis limpos

Como é sabido, o eucalipto é uma espécie não muito grata, no que toca ao seu papel na floresta portuguesa. É conhecida a sua característica endógena de captar água com facilidade, prejudicando populações arbóreas que o circundem, com o impacte ambiental que daí advém, por via da degradação das espécies arbóreas circundantes. Outra característica é a sua facilidade de combustão, sendo um propulsor exímio da propagação de fogos florestais.
No entanto, há bem pouco tempo foi-lhe reconhecido um uso interessante, mais concretamente para as suas cascas - produção de etanol através do aproveitamento do açúcar contido nessas mesmas cascas.
Como muita gente sabe, tenho-me manifestado contra a produção de biocombustíveis, pelo impacto que essa produção tem sobre os stocks de matérias-primas agrícolas, tais como o milho, a cana-de-açúcar, o trigo, a soja, entre outros, assim como pela pegada ecológica associada ao transporte dessas mesmas matérias-primas, a utilização intensiva de energia na produção e a ineficiência ecológica e energética das fábricas produtoras.
No entanto, recentemente foi elaborada uma pesquisa com resultados interessantes, em Piracicaba, Brasil, relacionada com a produção de etanol a partir de casca de eucalipto e com baixo impacto energético e ambiental.
Testes realizados pelo químico Juliano Bragatto demonstram que uma tonelada de cascas de eucalipto gera 200 quilos de açúcares. E eles, por sua vez, permitirão produzir 100 litros de etanol. O número pode multiplicar com o aproveitamento do açúcar existente na estrutura das cascas. Um melhor uso para as cascas, em vez de promover a queima destas para produzir energia elétrica. Sabe-se que a casca fresca, obtida logo após o corte da madeira, possui 20% de açúcares solúveis. Este número cai para metade num período de dois a três dias, pois ocorre a degradação dos açúcares na casca, por isso o ideal seria aproveitar as cascas imediatamente após ser produzido.
O processo de produção de etanol a partir de casca de eucalipto é similar ao processo de produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, com muito menor impacte ambiental que a produção de biodiesel a partir de cereais, e com eficácia igual ou superior em termos de produto final – o combustível.
As cascas são submetidas a uma lavagem com água a 80 graus, onde se obtém uma infusão que é posta em contacto com as leveduras. Também é possível moer a casca e realizar a fermentação com o caldo obtido, do mesmo modo que a cana. Também em relação ao processo de aquecimento de água há novidades, a utilização de energia geotérmica para esse fim; quanto ao processo de moagem também já existe tecnologia que permite a utilização de energia renovável para esse efeito.
Enfim, boas notícias ao nível da produção de biocombustíveis, quer ao nível das matérias-primas em causa, quer ao nível do processo produtivo e sua eficiência energética.

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