segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Polémica agro-ambiental: Cereais para comer ou para fazer andar os carros?

O Mundo enfrenta uma escalada de preços histórica nos bens alimentares devido à escassez, mas a Comissão Europeia vem falar em aumentar a produção de cereais para produzir Biocombustíveis, reforçando a meta no seu último relatório sobre energias renováveis.
Todos aqueles que costumam seguir as minhas intervenções nesta área têm conhecimento que me tenho manifestado completamente e irredutivelmente contra a utilização desenfreada de cereais para produzir Biocombustíveis. Para conseguirmos, a nível europeu, reduzir a dependência de combustíveis fósseis não necessitamos de basear o atingir dessa meta na produção desenfreada de Biocombustíveis.
A Comissão Europeia tem definido metas ambiciosas no que respeita à utilização de Biocombustíveis, a saber-se a utilização de 5,75% do total do consumo anual até 2010 e 10% até 2010, em cada Estado-membro, através da Diretiva 2003/30/EC, alterada e revogada recentemente pela Diretiva 2009/28/CE do Parlamento Europeu e do Conselho. Faz sentido, o que não faz sentido é basear a produção de Biocombustíveis tão-somente a partir de cereais e similares, assim como não faz sentido manter todo o quadro legal que favoreça e promova essas práticas.
É inadmissível não se procurar formas de produção de Biocombustíveis alternativas, para que não se dependa tanto dos cereais para o efeito. Dou um exemplo de alternativa. Porque não optar por produzir Biocombustíveis através de refugo florestal que contenha sacarose, tipo a casca de eucalipto? Sim é possível, já existe um método definido. No Brasil conseguiram produzir Etanol a partir de casca de eucalipto, caso que relatarei no meu próximo artigo, como forma de fundamentar a minha tese.
Outra questão. E se a Comissão Europeia alocasse a ambição das metas que propõe, no caso dos Biocombustíveis, para a utilização de Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR’s)? Reduzir-se-iam os stocks de resíduos diversos, libertando o ambiente dos mesmos.
O que eu não quero é ver pessoas a morrerem de fome ou a pagarem mais que o devido pelos alimentos, tensões geopolíticas, especulação de mercado no que toca aos produtos agrícolas e, acima de tudo, não quero mesmo assistir à definição de metas ambientais erradas no que toca às formas de redução da dependência dos combustíveis fóssies.

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