terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Água: O ouro azul, mal valorizada pela humanidade.

Água: O ouro azul, mal valorizada pela humanidade.
Em 2000 previa-se que um terço da população mundial sofreria de escassez de água até 2025. Mas esse limiar poderá já ter sido ultrapassado.
A água é algo que muitos de nós temos como garantido. Afinal de contas, dois terços da população estão cobertos por ela.
Infelizmente, 97,5% da água que existe no mundo é salgada. E, dos 2,5% que são constituídos por água doce, 68,9% estão contidos nos glaciares, 30,8% na água potável subterrânea ou aquíferos subterrâneos, e apenas 0,3% se encontram nos lagos e nos rios., segundo estudos do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP).
Acrescenta-se a tudo isto que os sistemas fluviais da Terra estão desigualmente distribuídos geograficamente e que muita da água utilizada é desperdiçada ou poluída pelos esforços humanos na indústria e urbanização, e a nossa crescente dependência deste recurso vulnerável, usado de uma forma indiscriminada na agricultura, na indústria, assim como nos lares, torna-se cada vez mais apreensivamente evidente.
A água foi tradicionalmente considerada como um recurso renovável, pensando muita gente que o seu uso desbaratado não causaria nenhum desequilíbrio ao nível da disponibilidade e fornecimento. Em algumas partes do mundo assiste-se a uma abundância de água, estando a mesma em constante renovação e circulação, tendo uma disponibilidade elevadíssima. O Brasil destaca-se em termos de volumes (se não em termos de qualidade e acesso), enquanto no seu conjunto, os países da orla do Árctico, o Canadá, a Gronelândia, a Escandinávia e a Rússia formam um enorme bloco de economias com excedente de água no hemisfério norte. No outro extremo da escala, há uma lista crescente de países que têm problemas de oferta de água. No entanto, não obstante a abundância de água em determinadas regiões, os aquíferos e bacias dos rios podem esgotar-se, e ser poluídos, através do seu uso intensivo, da urbanização e da má gestão.




Temo, porém, que este dados que apresento estejam já um pouco desactualizados, uma vez que a utilização da água tem vindo a intensificar-se desde então.
No ano 2000, como dito anteriormente, os cientistas previram que um terço da população mundial sofreria de escassez de água em 2025, mas ficariam consternados em descobrir que esse limiar poderá já ter sido ultrapassado. Segundo um relatório recente do jornal “Nature”, cerca de 3,4 mil milhões de pessoas pertencem à categoria mais severa de incerteza no que se refere à água.
À medida que as populações desenvolvidas se tornam mais ricas, os problemas intensificam-se.
De acordo com a UNESCO, as pessoas consomem 10 vezes mais água por dia nos países que nas nações em desenvolvimento. O problema é exacerbado por uma viragem para dietas com mais proteínas nos países desenvolvidos, onde estamos a assistir a uma procura cada vez mais elevada de carne. Isto porque a criação de gado é particularmente intensiva em termos de consumo de água. Para produzir um quilo de milho é necessário 1,5m³ de água, aprox.1650 Litros. No entanto, um quilograma de carne de vaca necessita de 15m³, aprox. 16520 Litros.
As principais alternativas
Aplicação de medidas ao nível da Governança
A aplicação de medidas de Governança que desincentivem a produção excessiva de gado, por via da redução do consumo, é o caminho mais viável para controlar este factor de peso, que é o consumo. Por via de uma taxação mais agressiva deste tipo de produção, criando impacto nos preços finais, não só faria com que diminuísse a procura por carne, como também faria com que se procedesse a uma mudança de comportamentos de consumo. Desta forma reduziríamos não só o consumo desmesurado de água directo e consumo de água indirecto, por via dos cereais, tipo o milho, necessário para a produção de carne, como também aumentaria a disponibilidade de cereais no mercado, por via da sua desafectação à produção animal. A nível económico libertaríamos o recurso água e o recurso cereais, tornado a sua taxa de disponibilidade nos mercados maior, criando uma enorme margem para que se baixassem os preços de mercado destes dois tipos de recurso.

Aposta na dessalinização da água do mar
Dado que mais de metade da população vive a menos de 60km da costa, a água salgada deverá ser uma das principais fontes alternativas de água nas próximas décadas. Em locais como a Arábia Saudita, as fábricas de dessalinização já satisfazem a maior parte das necessidades de água doce do país.
Os custos elevados são tradicionalmente apostados como o grande entrave à aplicação e investimento em larga escala, e a um nível global, deste tipo de técnicas, pelo que a dessalinização ainda não é a panaceia para os problemas mundiais de água. Todavia, os custos de dessalinização são agora 3 ou 4 vezes menores do que eram há trinta anos. Israel e Singapura são apenas dois dos países que estão a dessalinizar a água a um custo inferior a 0,60 dólares norte-americanos por metro cúbico. A China e a Índia já deram inicio aos seus próprios programas de dessalinização de água. É um investimento que vale a pena, a relação custo-benefício é extremamente benéfica.
Reciclagem da água
De acordo com dados do Programa Ambiental das Nações Unidas, a reutilização dos resíduos aquáticos tratados tem aumentado significativamente ao longo dos últimos anos, especialmente em países áridos como a Austrália e Israel. Mais de 40 milhões de metros cúbicos de resíduos aquáticos municipais são agora reciclados diariamente a nível mundial, mas este valor ainda representa apenas uma pequena fracção da utilização total de água.
A água reciclada é principalmente utilizada na irrigação e na indústria. No entanto, se as infra-estruturas continuarem a melhorar, se for reforçado o investimento na melhoria das técnicas de tratamento, e se os consumidores conseguirem ultrapassar o factor psicológico de repulsa, não há motivo para que a água reciclada não seja usada no saneamento e fornecimentos domésticos e, em última análise, até para beber. Se estas barreiras à sua maior utilização forem ultrapassadas, a reciclagem poderá ser parte significativa da solução para a mitigação da escassez de água.


Em suma, é importante encarar o problema da falta de água de uma vez por todas, também é necessário ter em mente as soluções em causa e as alternativas ao modelo actual de fornecimento de água, e desta forma levar a cabo os investimentos necessários nas soluções abordadas anteriormente.
É também necessária uma mudança de paradigmas de consumo.
Desta forma, num futuro próximo poderemos virar o rumo dos acontecimentos, que apontam para a escassez de água, seguindo os modelos actuais de fornecimento e de consumo.

Vamos por mãos á obra e cada um á sua maneira agir no sentido de evitar a maior crise que pode haver, uma crise de água lá para 2025 (se não antes).

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