terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Alterações Climáticas: Como a condução e a mobilidade podem influenciar.

Nove em cada dez portugueses alteraram os seus hábitos de condução por questões ambientais. A conclusão é da terceira edição do Observatório Europcar sobre Transporte e Mobilidade, realizado em sete países, pela Europcar, em parceria com o Instituto de sondagens IPSOS.
À semelhança do ano passado, cerca de 82 por cento dos inquiridos disseram ter alterado os seus hábitos de condução por razões ambientais. Os franceses e os portugueses lideraram nesta área, com 89 e 87 por cento, respectivamente, enquanto o Reino Unido obteve a percentagem mais baixa de condutores a alterarem os seus hábitos por razões ecológicas, com apenas 76 por cento.
De acordo com o observatório, Portugal é um dos países mais interessados em conduzir veículos amigos do ambiente (74 por cento por oposição a 64 por cento na Europa). Apesar de os portugueses serem os europeus mais dependentes da sua viatura própria, Portugal está no caminho para o abandono da posse de veículo próprio: 70 por cento dos condutores afirmaram gostar de ter um carro, mas esta percentagem desceu 11 pontos desde 2009. 36 por cento dos portugueses já consideraram abdicar de pelo menos um dos seus veículos, um número ligeiramente inferior ao valor europeu (39 por cento), mas com um crescimento de 5 pontos face a 2009.
Esta sondagem, cuja intenção é compreender as práticas europeias nesta área e identificar novos tipos de comportamentos, é baseada nas respostas de mais de 6 mil pessoas, com idade igual ou superior a 18 anos, na Bélgica, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e Reino Unido.
Deste estudo o que se pode concluir é que está em curso uma maior consciencialização sobre a problemática das alterações climáticas, e a forma como cada um pode dar o seu contributo.
Não obstante o facto de os resultados serem reveladores, é ainda muito pouco o que tem sido feito, e é no campo político que se terá que travar a verdadeira batalha.
Para que se pudesse obter o impacto desejado ao nível da redução de gases de efeito de estufa, analisando o caso dos transportes e mobilidade em particular, seria necessária uma maior ambição ao nível das políticas que regulam o controlo das emissões nos veículos, por parte do fabricante automóvel, não temos sido ambiciosos o suficiente no que toca a forçar a indústria automóvel a produzir veículos mais eficientes, menos pesados e mais ágeis, de forma a promover a redução das emissões por parte dos mesmos.
É de lamentar também que não se promova devidamente, no que ao campo da governança toca, uma maior penetração de veículos híbridos e elétricos, tendo-se vindo a complicar ao nível da carga fiscal adjacente. Porém, os fabricantes automóveis também não têm sido decididos o suficiente para tornar mais eficiente a produção e aumentar a escala deste tipo de veículos, democratizando de uma forma contundente a sua aquisição.
Ao nível da mobilidade, não se compreende o facto de não existir vontade política suficiente para redefinir todo o modelo de transportes públicos e redes de transporte.
É de todo incompreensível que não se analise o impacto nefasto que tem tido a construção desmesurada de auto-estradas, muitas delas desnecessárias, e não se pondere uma extensão das linhas ferroviárias até zonas mais interiorizadas. Desta forma é promovida a utilização desmedida do carro em detrimento do transporte público. Não podia abordar este tema da mobilidade e do impacto que políticas erradas neste campo têm sobre as emissões de gases de efeito de estufa sem antes abordar um tema um pouco mais acessório, mas que vem ao encontro da minha opinião de que devemos proceder ao investimento numa rede ferroviária que se constitua uma verdadeira alternativa às populações interiorizadas: o caso da linha do TUA, que sendo uma alternativa voraz á utilização do carro, para as populações daquela zona, não obstante o desgaste e antiguidade da linha em causa, foi um exemplo de desinvestimento em mobilidade alternativa.
Seria então de bom grado redefinir todo o conceito de ferrovia, modernizar as estruturas existentes e promover a construção de novas estruturas e extensão das já existentes; seria também pertinente redefinir toda a rede de transportes públicos urbanos, de forma a proporcionar uma maior abrangência de serviço, a par com a eficiência, e redefinindo toda a política de preços, para que esta fosse uma verdadeira alternativa à utilização do carro; seria também deveras sensato intervir ao nível da regulamentação aplicada aos construtores automóveis, no que toca ao limiar máximo de emissões permitido por veículo, assim como promover a democratização do automóvel híbrido e elétrico.
Desta forma poderíamos ter uma intervenção devidamente estratégica ao nível da política de Mobilidade e Transportes, promovendo não só comportamentos e rotinas mais sustentáveis, assim como encetando uma verdadeira mudança nas opções ao nível de mobilidade.
O resultado final seria uma redução das emissões de gases de efeito de estufa. O Ambiente agradeceria!

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