terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A Economia Verde e o Emprego, uma ligação de futuro

O Mundo como o víamos há 20 anos, há 10 anos ou até mesmo há 5 anos, não mais é o mesmo.
Prelúdios que eram dados como infundados são hoje uma certeza.
O Ambiente, visto outrora como uma questão de somenos importância, ou até mesmo como a “cereja no topo do bolo” de qualquer Estratégia de Governação de um país, já não se pode compadecer com os padrões do passado. Os cidadãos já encaram as questões ambientais como algo com o que vão ter que lidar, com problemáticas para as quais vão ter que estar conscientes e sensibilizados, questões para as quais terão que dar o seu contributo no sentido de podermos atingir níveis de sustentabilidade ambiental que remontem ao período entre 1990 e 1995.
Os problemas, ou oportunidades como prefiro designá-los, prendem-se com questões relacionadas com as alterações climáticas como resultado das Emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE), abastecimento e gestão de água, Segurança Energética, Resíduos e Crescimento Demográfico desproporcional.
Porém não tem sido fácil, no campo político e no campo económico, chegar a consensos.
Mas o Ambiente e toda a sua problemática também podem ser uma oportunidade de ouro para refundarmos o nosso modelo económico de crescimento e criação de empregos, atingindo novos modelos de desenvolvimento que tenham como fio condutor o Ambiente e as Alterações Climáticas, de uma forma geral.
Vivemos num país e num Mundo nos quais, ao longo dos anos, não se despenderam os montantes suficientes para investimentos em infra-estruturas de captação de águas com a abrangência devida, não nos provimos suficientemente de centrais de tratamento e reciclagem de águas, não demos o real valor estratégico à gestão, tratamento e valorização energética de resíduos, não nos tornamos muito menos dependentes do petróleo, não controlamos o crescimento demográfico em função dos recursos disponíveis, mas acima de tudo ainda não encaramos o problema das alterações climáticas como algo certo e para o qual somos forçados a agir.
Um entrave a esta necessidade de encarar as alterações climáticas e o Ambiente como prioridades foi sempre o facto de tanto EUA como China nunca terem dado um verdadeiro sinal de vontade política para encarar estas questões. Isso foi verificado com a atitude da administração americana de Bush, entre 2000 e 2008, ter abdicado de cumprir com as premissas do protocolo de Kyoto. A China também não tem assumido a sua quota-parte de responsabilidade, uma vez que se trata de um país em franco crescimento, tanto económico como demográfico, sendo que o facto de seguir à risca o Protocolo de Kyoto interferiria com o seu modelo de crescimento económico. No entanto é o maior poluidor mundial, logo seguida pelos EUA, os quais destronou no segundo trimestre de 2010, assumindo este estatuto denegrido.
Foi á conta de nenhuma das duas potências mundiais ter assumido as devidas responsabilidades, que a Cimeira de Copenhaga falhou no ano passado.
No entanto, a esperança de uma economia verde foi renovada com a entrada de Obama e sua equipa na Casa Branca, com a maioria democrata no Senado, mesmo apesar de o Congresso estar a ter um volte-face político.
Foi visível o comprometimento de vários estados americanos no sentido de se tornarem mais verdes, mais independentes do petróleo, promovendo investimentos nas energias renováveis, em redes de micro geração, em sistemas de armazenamento e transporte, na utilização de carvão limpo, na investigação no campo das alterações climáticas, no aumento das exigências à indústria automóvel para que esta torne os veículos mais eficientes e reforce a produção de veículos híbridos, entre outras.
Entre os vários pontos constantes da estratégia ao nível da sustentabilidade ambiental e segurança energética, figuram linhas de orientação tais como a produção de 20% da energia consumida a partir de fontes renováveis até 2020, sendo visível o esforço ao nível do investimento massivo em parques eólicos; introdução já em 2011 de um milhão de veículos híbridos com consumos médios de 1 litro por 800 Km.
No que toca a esforços significativos, a Califórnia tem estado na linha da frente, tendo à conta disso reduzido a sua elevadíssima taxa de desemprego.
É positivo assistir a esta nova forma de encarar o Ambiente e centrar o crescimento económico nesse factor, por parte de uma potência como os EUA.
Esse pensamento e essa nova perspectiva foram e são fundamentais como exemplo para os restantes países desenvolvidos ou para os países emergentes, a nível global, não obstantes os esforços empreendedores que a Europa tem encetado nesta área.
Portugal tem feito algo neste campo, mas ainda não o suficiente. Como se pode constatar com o exemplo Californiano, o investimento numa economia cada vez mais verde pode tornar-nos menos dependentes do petróleo e fazer com que redefinamos a nossa forma de consumo e produção. É uma questão de canalizar de forma mais racional as verbas que despendemos anualmente em investimentos desnecessários para investimentos na economia verde, que não só daremos o nosso marcado contributo ambiental como também potenciaremos a criação de emprego, por via de um novo modelo de desenvolvimento económico.
É claro que não é de todo fácil, e há forcas contrárias, como se pôde ver no caso dos EUA, em que as corporações petrolíferas e as corporações de produção de carvão levaram a cabo campanhas fortíssimas no sentido de paralisar e bloquear toda a política verde de Obama, colocando pressão sobre os Senadores e Congressistas dos Estados produtores de Carvão e Petróleo para que estes chumbassem qualquer iniciativa legislativa no sentido de promover a independência dos combustíveis fósseis.
Mas é claro que não podemos encarar este género de ameaças como “areia na engrenagem” da procura por uma economia mais verde, menos dependente do petróleo, mais segura a nível energético e acima de tudo mais amiga do Ambiente.
No entanto será sempre no campo político que se travará a derradeira luta por um Ambiente melhor e é nesse campo que compete agir, para não só potenciarmos melhores condições de vida para as gerações vindouras como também promovermos um novo modelo de crescimento económico verde, que ainda está recheado de oportunidades que podem conduzir a reduções significativas das taxas de desemprego globais.
Ganha a economia, e acima de tudo ganha o Emprego.

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