quinta-feira, 3 de março de 2011

O imperativo da poupança de água e a necessidade de uma revisão tarifária

Analisando os Objetivos do Milénio da ONU – Nações Unidas, e prestando especial atenção ao 7º objetivo, alínea C), podemos concluir que se pretende reduzir a metade o nº de pessoas sem acesso a água potável e saneamento básico, nos próximos 50 anos. É um objetivo muito forte, tendo em conta os hábitos mundiais atuais de consumo de água e a escassez de água potável em 3/5 do planeta Terra.
É certo que consumimos água demais, regra geral? É. E isso já se está a traduzir num aumento de custos com o metro cúbico de água consumido, em grande parte do país. Será justo este aumento do preço da água? Talvez. E passo a explicar porquê. Consumimos acima do valor médio aceitável diário: 30-40 litros de água potável por dia por pessoa. O que me faz classificar a água em 4 categorias distintas: água – vida, água – cidadania, água – economia e água – delito.
A água – vida refere-se à quantidade de água necessária para não sucumbirmos, para sobrevivermos com as mínimas condições, assim como para dar de beber aos nossos animais e para contribuir para o cultivo dos nossos alimentos; a água – cidadania refere-se à quantidade de água necessária para sobrevivermos, cultivarmos os nossos alimentos e mantermos a biodiversidade ativa, como também à água necessária para obtermos condições de higiene aceitáveis e para obtermos condições de saneamento dignas; a água – economia é água utilizada para fins que gerem algum tipo de mais-valia económica produtiva, tais como a utilização sustentável da mesma para efeitos produtivos industriais, agrícolas e públicos; água – delito refere-se às quantidades de água gastas de forma abusiva, em fins desnecessários, e em quantidades loucas, tais como lavagens descontroladas de viaturas, pátios das casas, ruas, assim como em regas prolongadas e desproporcionadas, etc.
Por tudo isto é necessário poupar água, não consumir demasiado, porque no fim das contas quem paga os abusos e exageros somos todos nós. Por isso uma das soluções que defendo nem é uma solução que passe por convencer os cidadãos a consumirem menos água, mas antes uma solução que premeie de alguma forma os cidadãos que consumam menor ou igual quantidade de água, em média, que os 30-40 litros por dia por pessoa considerados aceitáveis, com uma tolerância de 10%, e, por outro lado, penalize os consumos que ultrapassem esses valores. Sendo assim, teriam que se multiplicar estes valores pelo nº de pessoas que constituem cada agregado familiar. Esta é uma solução teórica, que acredito que iria dar resultado ao nível do consumo de água – penalizar quem consome em demasia e beneficiar quem cumpre com os limites admissíveis. Uma medida de justiça social e politicamente correta.
Hoje mais do que nunca temos que zelar pelo nosso recurso mais importante, a água, o nosso “Ouro Azul”, fazendo os possíveis para evitar que a escassez seja ainda maior. Acima de tudo não podemos pôr em causa o bem-estar e as necessidades mais básicas das gerações futuras, cumprindo um dos objetivos do milénio das Nações Unidas.

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