segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eficiência Energética e Sustentabilidade Ambiental como factor de competitividade das PME empresas

É do conhecimento de todos que o grande factor de progresso e desenvolvimento de Portugal, na próxima década, será o crescimento das exportações e o aumento da competitividade. Contudo, só é possível sermos competitivos se nos diferenciarmos através do tridente económico Custos – Qualidade - Serviço.
Neste sentido, abordarei a questão dos custos, porque a Qualidade e o Serviço são factores nos quais temos obtido um bom desempenho. No que aos custos concerne, algumas das maiores facturas das empresas dizem respeito à Electricidade, Gás e Água.
No entanto, ainda muito pouco tem sido feito no sentido de enveredar por caminhos de redução dos consumos energéticos e de água, pela via da eficiência energética e sustentabilidade ambiental.
As PME experienciam, neste momento, grandes desafios no que toca à redução de custos como factor de aumento da competitividade no mercado global, em que por vezes descuram qualquer tipo de investimento em factores de eficiência energética e sustentabilidade ambiental, muito mais se os Tempos de Recuperação do Investimento excederem os 6 anos.
Pela via do investimento em factores de eficiência energética, as empresas podem intervir ao nível da redução da factura de electricidade, assim como ao nível da redução da dependência de gás ou de outros combustíveis fósseis para aquecimento. Seja através da redução da intensidade da iluminação dos seus edifícios, seja através do ajuste dos factores de potência nos PT (postos de transformação), seja através do investimento na microgeração energética, através da instalação de plataformas de painéis fotovoltaícos ou até mesmo de pequenos aerogeradores, seja através da utilização de iluminação LED ou fluorescente, podemos obter reduções dos consumos eléctricos, em média, na ordem dos 34%, segundo estudos da Agência Internacional de Energia. Dependendo da ordem de grandeza do investimento da microgeração, ainda haveria a hipótese de vender energia à rede eléctrica. Quanto ao factor do aquecimento dos edifícios, a eficiência energética pode ser posta em prática através do investimento num bom isolamento térmico, reduzindo em cerca de 80% a necessidade do uso de aparelhos de ar condicionado; a utilização de caldeiras de aquecimento a gasóleo, que por sua vez são extremamente ineficientes, e altamente poluentes, por via da emissão de Gases de Efeito de Estufa, acarretam também elevados custos com combustíveis para aquecimento para as empresas, problema este que poderia ser resolvido com a reconversão dessas mesmas caldeiras em caldeiras de aquecimento a Biomassa. A vantagem seria, para além da redução das emissões de gases de efeitos de estufa, a aposta numa energia renovável, por via de uma matéria – prima inesgotável na Natureza, a lenha ou o refugo florestal, a preços baixos e com uma grande capacidade de geração de energia. Com isto reduzir-se-iam a metade os custos com o aquecimento dos edifícios.
No que concerne à sustentabilidade ambiental, uma solução viável e que muito tem sido debatida e aplicada em vários pontos do Mundo, principalmente naqueles onde a água é mais escassa, é o aproveitamento de águas pluviais e a reutilização de águas residuais tratadas. Ou seja, com este investimento reduzir-se-ia o consumo de água provinda da rede, para além do facto de se reduzir a taxa de rotação dos consumos de água em dois terços. Para obter este tipo resultados, a instalação de sistemas colectores de águas residuais e pluviais e de câmaras de tratamento e purificação dessas mesmas águas seria a solução mais viável, existindo já grandes exemplos de sucesso no que toca a estes sistemas, assim como várias empresas com grande Know-how neste tipo de projectos. Em média este tipo de investimento contribuiria para a redução dos custos com água na ordem dos 62%, segundo os dados de um último estudo da Universidade de Aveiro em conjunto com o LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil.
Em suma, este tipo de investimentos em eficiência energética e sustentabilidade ambiental, de uma forma global, permitiriam às empresas uma redução significativa dos seus custos, sendo que os Tempos de Recuperação de Investimento rondam em média os 8 anos, acabando por compensar, tendo em conta os ganhos de competitividade por via da redução de custos, assim como os ganhos ambientais por via da redução do consumo de electricidade, consumo de energias renováveis e redução de emissões directas e indirectas de Gases de Efeito de Estufa (o que é útil no mercado de transacção de créditos de carbono, podendo gerar outros proveitos para a empresa).

1 comentário:

  1. Grosso modo posso concordar em tudo o que dizes mas discordo de percentagens. Ou pelo menos, da interpretação das reduções/percentagens apresentadas.
    Nas industrias, PME's e outras no âmbito do SGCIE (consumidores intensivos de energia), áreas onde desenvolvo a minha actividade profissional de auditorias energéticas, há de facto muitas e variadas formas de poupança de energia e incremento de eficiência mas com valores mais modestos (mas não de descurar) e inclusivamente acções cujo período de retorno do investimento de 2 meses!!! Mas muitas vezes implicam um investimento para o qual, apesar dos incentivos, as empresas não dispõe de capital próprio para o fazerem.
    Importa não esquecer também que o retorno do investimento nas micro e mini-gerações de energia com base em renováveis, é apenas conseguido de períodos inferiores a 10 anos porque são altamente incentivadas pelo estado (compra energia num valor acima daquele que vende). E somos todos nós a pagar esta factura. Ainda que não discorde totalmente com estas medidas.
    A poupança de energia e eficiência (em casa ou nas empresas) começa nos indivíduos. E é de facto relativamente fácil atingir poupanças de 4 a 6% mas daí até chegar aos 34%... penso que é um numero irreal e desfasado da realidade.

    Abraços

    Jorge Amorim

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