segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Estratégia de crescimento económico nos BRIC: o seu impacto ambiental

Os BRIC, sigla que denomina o grupo de nações constituído pelo Brasil, pela Rússia, pela Índia e pela China, têm levado a cabo políticas que visam fomentar o crescimento económico quer pela via das exportações quer pela via do consumo interno, sendo este o factor com um grande pendor nesta Estratégia de crescimento.
Todavia, e apesar de ser benéfico para a economia mundial como um todo, é extremamente penoso a nível ambiental seguir este tipo de estratégia, uma vez que se está a colocar uma grande pressão sobre três fatores importantíssimos – Segurança Alimentar e Demografia, Segurança Energética e Aquecimento Global, que passarei a explicar de forma muito sucinta.

Segurança Alimentar e Demografia
Países como China, Índia e Brasil estão em franco crescimento, em grande parte estimulado por um aumento do consumo interno. Cada vez mais cidadãos estão a mudar os seus padrões de consumo uma vez que, cada vez mais cidadãos estão a sair de patamares de pobreza, entrando num nível de classe média. É certo que estes cidadãos vão ter outro tipo de necessidades alimentares, optando por dietas mais ricas em proteína animal, criando um aumento da procura sobre o mercado de produção de gado, assim como sobre o mercado de produção  de cereais.
De que forma esta tendência prejudica ou interfere com o ambiente?
É muito simples, estamos a estrangular a capacidade produtiva da TERRA, e a dar cabo de cada vez mais solos e recursos naturais, interferindo com equilíbrio natural do planeta. Para se ter uma noção, tendo em conta o cenário atual, seriam necessários 1,48 Planetas Terra para satisfazem os nossos padrões de vida anualmente. O que quer dizer que esgotamos a capacidade anual do planeta em Agosto, em 2011, essa capacidade esgotará em Julho.
 Como se exige cada vez mais produção de carnes ou de cereais, a oferta tenta ajustar-se à procura.
Mas daqui surge um problema, que é o facto de muitos solos de produção de cereais estarem em risco de ficarem estéreis, quer por via das consequências da irregularidade das estações, das secas e cheias consequentes, quer por via da contaminação resultante da “revolução verde” – baseada na utilização desenfreada de adubos químicos, pesticidas e herbicidas com o objetivo de aumentar consideravelmente a produção de bens agrícolas.
Tudo isto já está a criar pressão sobre os stocks de cereais e bens agrícolas diversos disponíveis, acrescendo a isto o facto de a produção de gado estar a aumentar por via do aumento da procura desferida pelas economias emergentes que mencionei. E os animais consomem cereais, que tão úteis seriam para os humanos.
Para se ter uma noção, o stock de segurança mundial de cereais, antes da última colheita anual, está definido no equivalente a 4 meses de consumo médio mundial. Pasmem-se ao saber que antes da última colheita de 2010, que foi muito prejudicada pelas cheias australianas, os incêndios na Rússia, as secas na China, entre outros fenómenos, o stock mundial era de cerca de 2 meses. Grave!
Agora imaginem um mundo de 9 mil milhões de pessoas em 2050, e 7 mil milhões já em 2012-2013.
De uma forma muito simplista, posso afirmar que representa problemas de uma forma múltipla, tendo em conta que o crescimento demográfico tem o seu grande epicentro nos países emergentes.
Mais população, mais consumo, menos stocks agrícolas disponíveis, mais produção de gado, mais pressão sobre os solos já de si afetados, instabilidade climática, possíveis focos acentuados de escassez de água…
A típica relação de causa – efeito – causa, que terá um grande impacto económico no mercado dos cereais e bens agrícolas, que aliado à especulação dos preços nos mercados, atirará milhões de cidadãos para uma situação de carência alimentar.
Imaginem-se os problemas que daí poderão advir…


Segurança Energética
Aqui está outro problema!
Os problemas associados ao crescimento económico e demográfico, nos países emergentes, prendem-se também com as questões associadas à Energia.
Com um aumento da população, gera-se também um aumento da procura de energia, com cada vez mais cidadãos, em países como China, Índia, Brasil, a adquirirem veículos automóveis, a consumirem mais eletricidade e a consumirem cada vez mais alimentos, que para serem produzidos há que recorrer a máquinas agrícolas, de certa forma, máquinas que consomem bastante combustível.
Conclusão, com um pico da produção de petróleo para breve, no prazo de 5-10 anos, tendo em conta o ritmo atual de consumo, gerar-se-á uma grande pressão sobre o “ouro negro”, o que aliado à especulação dos preços nos mercados, poderá dar lugar a preços altíssimos, colocando o mundo em estado de crise energética.
Mas têm sido desenvolvidas alternativas, tais como as energias renováveis – eólica, solar, hídrica, marés… - que de certa forma poderão equilibrar os pratos da balança da segurança energética mundial.
Outra via tem sido a produção de Biocombustíveis, como substituição aos combustíveis fósseis, para fazer movimentar os veículos. É uma alternativa válida, mas o que é certo é que cria muitos constrangimentos ao nível da disponibilidade de cereais, contribuindo para o acentuar da especulação do mercado. E como todos sabem, na minha opinião, os cereais devem ir para o supermercado e não para o mercado. Passo a expressão.
Mas sem divergir do essencial, as questões associadas aos modelos de crescimento económico dos países emergentes, têm muito relevo no campo da Energia. A título de exemplo, a China, que em 2011 será já o maior poluidor mundial em termos de emissões de Gases de Efeito de Estufa, fruto da utilização desmesurada de petróleo na sua indústria, é um país que tem baseado o seu crescimento industrial na utilização intensiva do petróleo, quer para produção de eletricidade, quer para alimentar as caldeiras das suas fábricas, quer para uso particular. No Brasil, Índia e Rússia idem. Para se ter uma noção, 31% do consumo mundial de petróleo advém destes 4 países, e estima-se que aumente 75% até finais de 2012. Ou seja, serão responsáveis por cerca de 54% do consumo mundial de petróleo. Preocupante, não? Sim, para a humanidade e para o Ambiente.

Aquecimento Global
Este talvez o problema do século, que é o resultado de todas as práticas e comportamentos anteriormente relatados.
Com o aumento do consumo e utilização de petróleo, com o aumento do consumo de combustíveis e eletricidade, com o aumento da produção de gado para consumo e com cada vez mais humanos a desenvolverem a sua atividade normal é natural (embora seja uma anormalidade) que o nível de emissões de Gases com Efeito de Estufa aumente.
Par se ter uma noção, a ONU defendeu que o nível aceitável de CO2 e equivalentes, na atmosfera, seriam 350 ppm (partes por milhão), no entanto os nível atuais são de 460 ppm, sendo que em 1998 eram de 327 ppm.
Para terem uma ideia, se a tendência se verificar e nada for feito para reduzir as emissões de CO2 e equivalentes, ou até para mudar o paradigma de desenvolvimento económico, em 2090 teremos um nível de 600 ppm e um consequente aumento das temperaturas na ordem dos 6 a 8 graus Celsius. Muito grave, uma vez que a desregulação climática tem dado lugar a vários fenómenos, em pouco por esse mundo fora, que chocaram a humanidade. São exemplos as cheias gravíssimas na Austrália seguidas de tempestades intensas, as cheias e aluimentos de terras na zona serrana do Estado do Rio de Janeiro – Brasil, as cheias no Paquistão, as secas na China, o maior produtor mundial de trigo, tendo interferido com várias culturas agrícolas, assim como os incêndios na Rússia e Austrália, que prejudicaram as colheitas de 2010, fruto de temperaturas anormais. Para não falar do aumento do nível dos oceanos, fruto do degelo dos Glaciares…
Existe uma probabilidade de 2%, até menos, de que continuemos a libertar para a atmosfera 1000 toneladas de C02 por segundo, a cada minuto de cada hora de cada dia de cada semana de cada mês de cada ano, e não haja efeitos graves sobre a TERRA. Ou seja, existem 98% de probabilidade que isso aconteça.
É grave, temos que agir, o tempo urge, mas mais vale prevenir que ter de aguentar os impactos ambientais…

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Deixar o Petróleo, antes que ele nos deixe

Os EUA temem que a Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo, possa não ter reservas suficientes para prevenir uma escala do preço do petróleo, segundo informações confidenciais da embaixada Americana em Riade, divulgadas pela Wikileaks.
Os telegramas, divulgados pela Wikileaks, alertam Washington para o facto de a Arábia Saudita ter sobre-calculado as suas reservas de petróleo, disponíveis e por explorar, em cerca de 40%, aproximadamente 300 biliões de barris. Questão preocupante, porque indica que afinal existe menos petróleo disponível, e por explorar, que as previsões dos analistas mais ótimistas.
Que estamos perto de um pico na produção global de petróleo não deve ser surpresa para ninguém, questão já que já suscitou alertas dos mais reputados analistas económicos de temas relacionados com Energia, ou até mesmo o Exército alemão, que levou a cabo um estudo no qual alerta para uma crise petrolífera derivada do atingir dos picos de produção.
Para ter uma ideia, a maior empresa petrolífera do mundo, a Saudi Aramco, da Arábia Saudita, é tida como não sendo capaz de aumentar a produção de petróleo, não sendo capaz de atingir o objetivo de produzir 12,5 milhões de barris de petróleo por dia. Os cálculos são efetuados pelo antigo Vice-Presidente para a Exploração Petrolífera da Companhia, Dr. Sadad al-Husseini. Este mesmo responsável acredita que, dentro de 5 a 10 anos, a produção petrolífera atingirá o pico, estabilizando cerca de 8 anos, e decrescendo a partir daí, podendo atingir um patamar alarmante nos 14 anos subsequentes.
PREÇOS MUNDIAIS DO PETRÓLEO: A PROCURA ESTÁ A IGUALAR A OFERTA
Considerando o rápido aumento da procura mundial por petróleo – conduzido pela China, Índia e pelo aumento do consumo interno na Arábia Saudita – pode-se concluir que a procura está a igualar a oferta. A oferta média mundial de petróleo ronda os 85 milhões de barris por dia, a qual tem estado constante nos últimos tempos. O preço base do petróleo, atualmente, descontando a instabilidade geopolítica e a especulação financeira, é de aproximadamente 70-75 USD por barril. Devido aos constrangimentos em aumentar a oferta e ao aumento da procura, que se prevê continuar a crescer a um ritmo superior ao da oferta, estimo que por cada milhão de barris de procura a mais que a oferta, o preço base do petróleo possa aumentar cerca de 12 USD por barril. Mesmo tendo em conta as novas descobertas de petróleo na bacia do Tupi – Brasil, ou até mesmo as descobertas na Venezuela, são insuficientes relativamente ao declínio de produção da maior bacia de petróleo do mundo, Ghawar.
Duvido que a Administração Bush tivesse tido tudo isto em conta, pelas levianas políticas energéticas que levava a cabo…
Mas o mais preocupante é o facto de o consumo interno de petróleo, da Arábia Saudita, fruto do elevado crescimento económico, estar a aumentar sequencialmente, sendo responsável pelo menor saldo exportador deste gigante petrolífero.
Segundo um telegrama, de Outubro de 2009, divulgado pelo Wikileaks, a embaixada Americana, em Riade, constata que existe um aumento da procura por eletricidade na Arábia Saudita, produzida a partir do petróleo – sendo também o método de produção mais poluente -, fruto do elevado crescimento económico e populacional, contribuindo para a redução do saldo exportador. No mesmo telegrama conclui-se que a procura por eletricidade tem uma previsão de crescimento de 10%. Como resultado, este país, o maior produtor mundial de petróleo, necessita de dobrar a sua capacidade de geração para 68GW até 2018.


As exportações, a verde, estão a descer porque a Arábia Saudita está a consumir cada vez mais o seu petróleo, por isso mesmo há menos disponível para os restantes países. E as elações a nível mundial podem ser retiradas comparativamente com a situação decorrente na Arábia Saudita.
Conclusão: Temos que deixar o petróleo, procurar outras alternativas – e já as há -, antes que o petróleo nos deixe.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Aquecimento Global: A temperatura continua a subir!

Segundo dados recentemente divulgados pelo Goddard Institute for Space Studies, 2010 foi o ano mais quente e com maiores anomalias climatérias, desde que há memória e registo.  Até aqui nada de novo, já os Paleoclimatólogos o tinham constatado!
Mas o facto que é alarmante pretende-se com a subida exponencial das temparaturas e o aumento das anomalias climatéricas.
Anomalias Climatéricas em ºC


Fig. 1 – Evolução das anomalias climatéricas (ºC acima do aceitável)
Analisemos o top 10 dos anos mais quentes e com maiores anomalias climatéricas:
Top 10 dos anos
mais quentes a nível mundial (Jan-Dez)
Anomalia ºC
Anomalia ºF
2010
0,62
1,12
2005
0,62
1,12
1998
0,6
1,08
2003
0,58
1,04
2002
0,58
1,04
2009
0,56
1,01
2006
0,56
1,01
2007
0,55
0,99
2004
0,54
0,97
2001
0,52
0,94


Fig. 2 – Tabela com o top 10 dos anos mais quentes de sempre

Efetuada a devida análise tanto ao gráfico como à tabela apresentada, pode-se concluír que a década passada foi a década mais quente e preocupante, no que toca ao Aquecimento Global, de sempre. 2010 foi o pico deste fenómeno.
As alterações climáticas, que dão origem ao Aquecimento Global, resultam em parte de processos de ajustamento natural do próprio planeta Terra, mas é deveras evidente que o HOMEM está a acelerar em cerca de 1,3 vezes esse processo, para se ter uma ideia por cada 10 anos de ciclo normal de alterações climáticas o HOMEM acelera esse processo em cerca de 3 anos, reduzindo esse ciclo para 7 anos.
Para termos uma noção das consequências das alterações climáticas, basta assistirmos às constantes tempestades a que o Austrália tem estado sujeita, as recentes cheias na zona serrana do Rio de Janeiro, as cheias no Paquistão, assim como a desregulação dos ciclos agrícolas, para não inumerar muitas mais.
As evidências de que o HOMEM teria que mudar de vida, alterar os seus hábitos de consumo, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, ser mais eficiente a nível energético, fazer uma melhor gestão dos recursos naturais e promover uma Economia Verde, eram bastantes forte já há mais de uma década. No entanto o  que foi feito? De que forma é que se promoveram melhores hábitos de consumo? De que forma se reduziu a dependência dos combustíveis fósseis? De que forma se promoveu e investiu na verdadeira eficiência energética? Como é que não fomos capazes de gerir de forma mais racional os nossos recursos naturais? Porque é que só há bem pouco tempo se pensou em fazer investimentos na Economia Verde?
A resposta é simples: Porque não houve vontade política suficiente e porque o lobbie da indústria petrolífera e do carvão prevaleceu aos mais supremos interesses da Humanidade.
Pois agora é a hora de intervir, e intervir mesmo a sério, doa a quem doer, ou corremos o risco de perder a oportunidade e condenarmos o Planeta a uma catástrofe se não agirmos de forma contundente.
Eis algumas linhas orientadoras que, se seguidas ao pormenor e postas em prática de forma efetiva, poderão ajudar a atenuar o efeito do HOMEM sobre o clima:
- Promoção da construção e utilização de veículos mais eficientes;
- Reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, promovendo fontes alternativas de energia, seja através de combustíveis derivados de resíduos, seja através do gás natural, seja através do biogás, seja através da utilização eficiente de hidrogénio ou até mesmo através de combustíveis derivados de refugo florestal (p. ex. casca de eucalipto);
- Promoção da Eficiência Energética;
- Aproveitamento e Gestão Racional dos Recursos Naturais;
- Reforçar os investimentos em Energias Limpas e Renováveis;
- Mudar os paradigmas de consumo, promovendo dietas menos baseadas em carne, uma vez que a produção de gado é responsável por cerca 24% dos Gases de Efeito de Estufa (GEE).
Cabe-nos agora agir e forçar a vontade política para a mudança. O Planeta agradeçe!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Florestas valem 100 mil milhões de euros para comunidades pobres

As florestas mundiais geram anualmente meios de subsistência para populações de baixos rendimentos avaliados em 130 mil milhões de dólares (cerca de 100 mil milhões de euros), segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O total, adianta a organização não-governamental num estudo apresentado em Nova Iorque, no dia 1 de Fevereiro de 2011, inclui bens alimentares, medicamentos, combustível, rendimentos e emprego e equivale às reservas de ouro de França e Suíça juntas, ou até mesmo ao montante total do “Subprime” espanhol (os chamados empréstimos hipotecários de altíssimo risco, que levaram o sistema financeiro a uma crise gravíssima).

A gestão florestal localmente controlada é um investimento público e uma opção de ajuda ao desenvolvimento altamente rentável.

Estamos a falar de uma forma absolutamente revolucionária de mudar a economia mundial, e mudá-la para melhor.

O estudo da UICN defende que os benefícios das florestas são “massivamente subvalorizados” por governos e doadores. Uma melhor avaliação desses benefícios e investimento em projectos florestais sustentáveis envolvendo as comunidades permitiria melhorar as condições de vidas das populações, abrir novos mercados e estimular o crescimento económico.

No momento de decidir onde aplicar os seus orçamentos, os Governos normalmente não contam com os retornos económicos do investimento na exploração florestal localmente controlada. Por isso perdem uma oportunidade crítica no estímulo do crescimento económico, desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.

Actualmente, a produção florestal localmente controlada envolve uma área de 400 milhões de hectares, sensivelmente o tamanho da União Europeia, e uma população equivalente à da China, de 1,5 mil milhões de pessoas.

Contudo, apenas 47 por cento dos direitos legais sobre as florestas estão formalmente sob gestão destas comunidades.

Sector a crescer em Portugal

Em Portugal, o peso da floresta na economia “tem crescido significativamente” e já é o terceiro setor exportador, segundo o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Rui Barreiro.

Pasta de papel e eucalipto, cortiça e pinho são as fileiras florestais que têm registado maior crescimento nos últimos tempos.

Não é só na atividade económica que a floresta tem importância. As florestas são essenciais para o desenvolvimento rural e combate à desertificação, para o ciclo hidrológico, devido à capacidade de retenção e de depuração, e para o sequestro de carbono.

Todos nós, enquanto contribuintes e cidadãos, estamos a afetar meios financeiros para a floresta, é legítimo que a consideremos nossa, mas também usufruímos dos bens públicos que a floresta produz, não só em termos de paisagem e de biodiversidade.

Segundo o 5.º Inventário Florestal Nacional, publicado em Setembro passado, a floresta ocupava 3.458.557 hectares e os matos 1.926.630 hectares, o que corresponde a 39% e 22% do solo nacional, respetivamente.

O pinheiro bravo é a espécie mais frequente, com 27%, seguida do sobreiro e do eucalipto, ambos com 23% da área florestal.

O sector gera 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e assegura a manutenção de 260 mil postos de trabalho.

Em suma, vale a pena apostar neste setor. E, em ano Internacional das Florestas, vale a pena levar a cabo várias ações de florestação de reflorestação que visem reforçar este setor e dar ímpeto ao contributo ambiental do mesmo.

O Ambiente numa encruzilhada demográfica: Como sobreviver num mundo de nove mil milhões

Em 2050 a população mundial vai atingir novo marco. Seremos nove mil milhões à procura de alimentos, água, habitação e energia. Com conflitos, migrações e o efeito das alterações climáticas para gerir. Soluções, procuram-se.
Gente, gente, gente

O contador não pára. Em Portugal a população está a envelhecer, mas olha-se para lá do país e da Europa e a ideia deixa de ser um número: tudo indica que 2011 é o ano em que chegamos aos sete mil milhões de pessoas. Um artigo no diário britânico Guardian dizia que a comemoração seria a 31 de Outubro, com o nascimento de uma criança no estado de Uttar Pradesh, um dos mais populosos da Índia, com cerca de 194 milhões de habitantes.

A escalada continuará pelo menos até 2050, quando, segundo as previsões demográficas, formos nove mil milhões. As Nações Unidas estão a fazer um levantamento extenso das populações dos países para apurar melhor os números de hoje e corrigir previsões. Mas é esta rapidez que assusta.

Se os níveis de fertilidade e de mortalidade que temos hoje não se alterarem, a população mundial vai adicionar mil milhões de pessoas em tempos muito pequenos.

Herdámos este boom do século XX. Em cem anos a população passou dos 1,6 para os 6,1 mil milhões. O aumento não ocorreu porque as pessoas começaram a reproduzir-se mais; em vez disso (...) deixaram finalmente de morrer como moscas. Convém também alertar para as consequências económicas do envelhecimento das populações.

No século passado a saúde melhorou, a esperança média de vida passou de 30 para 65 anos e o progresso económico ascendeu no Ocidente. Em contrapartida, a fertilidade diminuiu muito na Europa e em países como o Japão - para níveis em que a população não está a ser reposta. O fenómeno atinge a China devido às políticas de natalidade.

Se a Ásia continua a ter os países com maior população (a China e a Índia estão em primeiro e segundo lugares com mais de mil milhões de pessoas cada), a fertilidade está agora na África subsariana. O continente, onde hoje vivem mil milhões de pessoas, vai duplicar o número até 2050.

Mas a Terra é capaz de ter tanta gente? A História da humanidade mostra que já fomos muito poucos, mas fomos sempre capazes de gerir as pessoas que tivemos. O número perfeito [de pessoas] tem que ver com o modelo da sociedade.

Depois de 2050, as previsões dizem que pode haver uma quebra na população mundial, ou pelo menos uma estagnação. Prevê-se que vá acontecer nos países emergentes o que aconteceu no mundo ocidental: um desenvolvimento económico acompanhado de uma diminuição de fertilidade. Até lá precisamos de espaço.

Cidades e migrações

Um relatório de Janeiro da Instituição dos Engenheiros Mecânicos intitulado População: Um Planeta, Demasiadas Pessoas?, que abordava as problemáticas deste assunto, alertava para a questão da urbanização. Metade da população mundial vive em cidades, em 2050 será 75 por cento. Se isso é evidente em metrópoles como São Paulo, Pequim ou Nova Iorque, não se pode esquecer África. Em 1950 só Alexandria e o Cairo tinham mais de um milhão de pessoas, no futuro 80 cidades do continente africano vão estar nesta situação.

A urbanização é uma resposta ao desenvolvimento económico. Os países mais urbanizados tendem a ser os que estão melhor, um exemplo importante é a China. O modelo de desenvolvimento económico que a humanidade inventou passa pela urbanização e não pela manutenção das pessoas no mundo rural.

Do ponto de vista ecológico traz vantagens. Tudo se torna mais eficiente, se as pessoas estiverem agrupadas - é mais fácil fornecer o saneamento, a água, a electricidade. Por outro lado, áreas com alta concentração de pessoas permitem deixar espaço livre. Algo que é fundamental para garantir que alguns ecossistemas sobrevivem e desempenham funções importantes.

Mas um dos maiores problemas destes grandes agrupamentos urbanos, em que as pessoas migram à procura de um estilo de vida melhor é que muitas vezes, e no caso concreto de África, as pessoas concentram-se em bairros de lata. As pessoas vivem miseravelmente, a mortalidade é alta, não há acesso a infra-estruturas, serviços, etc. Parte da solução é melhorar a habitação destes bairros, mas os governos muitas vezes não podem suportar essa despesa.

Há a questão da alimentação, um dos maiores problemas que se avizinham. As pessoas que estão nas cidades também comem, e muitas vezes comem mais produtos que são ecologicamente mais caros de cultivar.
África, o último campo agrícola

A proporção é conhecida, há comida para todos, mas um sétimo da população mundial está subnutrida, uma grande percentagem em África, e o outro sétimo come a mais. Em cima deste problema há o crescimento populacional e o desenvolvimento económico que muda os hábitos alimentares.

O Banco Mundial prevê que a necessidade de cereais aumente 50 por cento entre 2000 e 2050 e a necessidade de carne aumente 85 por cento durante este período. Para alimentar todos os animais do sector pecuário já em 2030, será preciso cultivar a mesma área agrícola que alimentava a população humana em 1970.

A resposta para os países ricos é sim, eles têm que consumir menos. As dietas são uma coisa fundamental que provavelmente tem que mudar, não só para salvar o planeta, mas porque sabemos que dietas muito ricas em comida animal são más para a saúde das pessoas.

Esta pressão já se fez sentir nas crises alimentares nos últimos anos, como a crise do arroz em 2008. No futuro, prevê-se um aumento no valor dos alimentos, que poderá tornar rentáveis espaços para a agricultura que até agora eram marginais, mas vai dificultar a vida às populações pobres, que gastam a maioria do seu rendimento em alimentação.

O espaço arável na maioria da Terra está preenchido. A revolução verde permitiu, através dos fertilizantes, pesticidas e das sementes, duplicar várias vezes o rendimento das colheitas, mas esse aumento tem limites.

África, contudo, ainda não teve a sua revolução verde. O desafio é que as mudanças nas técnicas de agricultura em África sejam suficientemente céleres e possam ter em conta a rapidez com que a população está a aumentar e talvez, se tivermos sorte, possam produzir comida para o resto do mundo. Convém também referir a importância da construção de infra-estruturas, acessos, locais de armazenamento dos produtos agrícolas para diminuir a perda de estrago, que ainda é enorme nos países africanos, e, por outro lado, a abrir a possibilidade de os agricultores competirem nos mercados nacionais e internacionais. Foram estas limitações que suscitaram crises alimentares como a da Etiópia em 2003.

Um desenvolvimento agrícola tem de ter em conta os recursos naturais. Não se pode importar modelos, nem se pode fazer o exagero que se fez nos países desenvolvidos. A agricultura tem que ser muito mais adaptada às condições naturais, muito mais sustentável.

Onde está a água?

Um dos maiores problemas actualmente é a degradação dos solos devido à má utilização, ao abuso excessivo de fertilizantes, que pode tornar uma terra estéril e poluir lençóis de água. Se não tiver solos, não tenho água; quanto mais contaminação de solos tiver no planeta, menos água potável vai existir.

As cidades podem ajudar a combater a falta de água. Quando a escassez ou as oscilações entre precipitação e períodos secos são cada vez mais demarcadas, o armazenamento de águas pluviais nas casas pode combater esta falta. Muita da água de chuva que cai não é aproveitada, por isso ainda é possível ser-se muito mais eficiente com o seu uso. É preciso armazenar esta água e aproveitá-la.
Novo paradigma energético

O bom aproveitamento dos recursos pode ser a diferença entre a morte e a sobrevivência. Há alimentos que se estragam, água que não é aproveitada e energia mal gasta. De todas as questões, a da energia é a que não está tão directamente relacionada com o aumento demográfico. Os países que estão a aumentar a população mais rapidamente não são os que estão a consumir mais. Se continuarem pobres e subdesenvolvidos, vão continuar a consumir pouca energia per capita. Não é o que se quer, mas é a realidade.

O problema é o mundo desenvolvido. Com ou sem aumento de população, o certo é que os combustíveis fósseis são finitos e estão a acelerar de dia para dia as alterações climáticas. É preciso mudar o paradigma da energia.

É preciso apostar na eficiência energética e na redução de consumo, de modo a que continue a haver energia para todos, suportando a mobilidade e a electricidade. Isto é importante que aconteça nos países desenvolvidos, de modo a diminuírem o consumo per capita. Por outro lado, é preciso disciplinar o aumento de consumo de energia dos países emergentes, de forma a não seguirem este caminho.

A nível tecnológico é ainda possível optimizar muito os recursos; depois é necessário passar gradualmente dos combustíveis fósseis para os combustíveis verdes. Para isso deverá melhorar-se a interconectividade entre regiões e países, de modo a fazer coincidir a produção de energia com o gasto. Muitos peritos sugerem a aposta na energia nuclear. Mas consegue-se perspectivar à escala mundial um fornecimento de energia sem nuclear, uma vez que isso acarreta vários problemas relacionados com os resíduos nucleares e o seu impacto na atmosfera. Mas não será possível acabar com o nuclear de um dia para o outro.
Gerir um clima imprevisível

Sobre todos estes factores cai um aspecto imprevisível: as alterações climáticas. Na agricultura, um futuro em que a variabilidade do clima é ainda maior vai obrigar os agricultores a estarem preparados. Isso não será possível sem ajuda. Os agricultores sempre tiveram que lidar com estas oscilações e no mundo desenvolvido eles fazem-no porque têm instituições que os ajudam. Estas instituições têm que ser expandidas para os locais onde não existem neste momento.

As cidades também vão estar sob pressão. Fenómenos como o ciclone Katrina, que em 2005 fustigou Nova Orleães, nos Estados Unidos, ou a precipitação que devastou a serra junto do Rio de Janeiro, no Brasil, no mês passado, não vão acabar.

Parte deste problema é que as pessoas são atraídas para as zonas litorais, onde existe um risco acrescido, mas que são mais interessantes do ponto de vista social. É preciso que as pessoas pensem sobre estes riscos e isso não é muito comum. A resolução do problema passa pelo ordenamento do território e por uma cartografia das zonas de risco.

Mesmo que as catástrofes não aumentem, com mais densidade populacional o mais certo é haver mais mortes. A forma como as pessoas e os governos funcionam é que esperam até as coisas estarem realmente más para se mexerem.
Já obtivemos todos os indicadores e avisos necessários para que não fiquemos parados. Cabe a cada um de nós fazer a sua quota-parte na luta por um futuro mais sustentável, nem que seja ao evitar deitar aquele “papelito” para o chão, passo o pleunasmo.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Resíduos & Aquecimento Global: mais de 85% dos ecossistemas de recifes de ostras selvagens desapareceram; Alemanha recicla 70% do seu lixo, EUA 33%.

85% dos ecossistemas de recifes de ostras selvagens desapareceram.
Um estudo sobre os ecossistemas de recifes de ostras selvagens, situados em diversos pontos do Globo, concluiu que os moluscos suculentos, vulgo ostras, que povoam os recifes, estão a desaparecer rapidamente e 85% dos seus habitats desapareceram devido à poluição e às tensas condições climatéricas.
A maioria das ostras selvagens que restam no mundo, cerca de 75%, podem ser encontradas em cinco pontos da América do Norte, segundo um estudo divulgado pelo BioScience, jornal do Instituto Americano para as Ciências Biológicas.
O que isto significa? Tudo isto significa que a poluição dos oceanos, fruto das descargas de resíduos, derrames de crude e da desfiguração das estações do ano, está a causar a degradação de alguns dos ecossistemas mais ativos, como por exemplo os recifes de ostras selvagens.
Outro facto prende-se com a diminuição da população de algas, a nível mundial. As algas são elementos preponderantes na sua função de captação e absorção do dióxido de carbono colhido pelos oceanos, cumprindo de forma sublime o seu papel nesse ciclo.
Concluindo, depreende-se, então, que terá que haver mais regulamentação no que toca às explorações petrolíferas em alto mar, ao transporte de crude, assim como terá que haver controlo sobre as práticas de deposição de milhões e milhões de toneladas de resíduos em alto mar.
Enfim, terão que se regular, de forma mais eficaz, todas as práticas comerciais que põe em causa os oceanos, ou corremos o risco de os degradar de tal forma, que os mesmos não sejam capazes de cumprir a sua vil função de captação de dióxido de carbono.
Não bastassem todas as más práticas e catástrofes ambientais que puseram em causa a sanidade dos oceanos, mais recentemente assistimos àquela que é considerada por muitos como a maior catástrofe ambiental dos últimos tempos, o derrame de crude, com proporções dantescas, pela BP, no Golfo do México, pondo em causa os ecossistemas e gerações futuras do Louisiana, desequilibrando a balança ambiental.

Alemanha recicla 70% do seu lixo, EUA 33%.
A Alemanha lidera, a nível Europeu, no que toca à reciclagem e gestão de resíduos, com cerca de 70% dos resíduos gerados reconvertidos e reutilizados com sucesso, a cada ano que passa.
Só para dar uma perspetiva sobre a importância deste facto: em 2007, os EUA eram capazes de reconverter apenas cerca de 33% dos resíduos gerados anualmente.
Levar a cabo a implementação de tão bem sucedido sistema de gestão de resíduos por todo o país é certamente um grande passo, mas ao longo dos anos a Alemanha fez com isso parecesse fácil.
Então, como tornaram isso possível?
“Reciclar é muito importante na Alemanha!”, afirma Gunseli Aksoy, um estudante de Engenharia Mecânica e dirigente académico, de 24 anos, da Universidade Tecnológica de Braunschweig. “As pessoas cá são extremamente conscientes e preocupadas com as questões ambientais e de saúde pública. É raríssimo ver resíduos acumulados nas nossas ruas, e as pessoas preocupam-se com o facto de separarem devidamente os resíduos”, acrescenta. “É uma questão de educação!”, conclui.
E enquanto a estratégia de consciencialização para a importância da gestão de resíduos do país requer cooperação por parte do Governo, da indústria e dos cidadãos, tudo começa no início do processo, com a conceção e desenvolvimento dos produtos, que derivarão em resíduos.
Existem três simples fatores que os fabricantes devem considerar, e consideram: prevenção de resíduos, valorização de resíduos e a minimização do seu impacte ambiental.
Através da incorporação da prevenção de resíduos na indústria, grande parte da gestão de resíduos da Alemanha é “invisível”, ao mesmo tempo que as empresas são forçadas a repensar cada aspeto da produção. Embalagem, processos e deposição de resíduos são definidos e reinventados com a deposição, reciclagem e reutilização em mente.
 Tudo começou em 1996, quando os legisladores alemães, que estavam preocupados com o crescimento do número de lixeiras e aterros, e com a sua saturação, aprovaram a Lei do Ciclo Fechado da Utilização de Produtos e Substâncias e Gestão de Resíduos, a qual exige às empresas que mitiguem a produção de resíduos através da implementação de uma ou mais que as três estratégias de gestão de resíduos - prevenção de resíduos, valorização de resíduos e a minimização do seu impacte ambiental.
A prevenção de resíduos é a primeira prioridade porque encoraja as empresas a tomarem medidas no que toca à readaptação dos seus processos de fabrico e embalagem, com a eliminação dos desperdícios em mente.
Em suma, com a mentalidade certa, a legislação adequada, com um sistema punitivo assertivo e acima de tudo com uma educação relevante a nível ambiental, que prima pelo exemplo e pelo estímulo às boas práticas, penso que Portugal poderá replicar o sucesso alemão, uma vez que os nossos aterros e lixeiras estão a 91% da sua lotação e cada vez se tenta criar mais. É tudo uma questão de consciencialização.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Polémica Ambiental: Central de carvão na Eslovénia gera polémica na UE

Os ambientalistas acreditam que a nova central de carvão a ser construída na Eslovénia vai ridicularizar toda a política de combate às alterações climáticas promovida pela União Europeia (UE). Isto porque a unidade conta com um financiamento de 770 milhões de euros atribuído pelas instituições financeiras europeias.
O projecto da central de carvão da Termoelektrarna Sostanj, com 600MW de capacidade produtiva, vai substituir cinco unidades mais antigas e menos eficientes que atingiram o final do seu tempo de vida útil. O problema é que, segundo o director do gabinete governamental da Eslovénia para as alterações climáticas, Jernej Stritih, a nova unidade irá queimar um tipo de carvão castanho, altamente rico em carbono e em quantidades suficientes para esgotar a quota de emissões de carbono autorizadas ao país até 2050.
Ora, dois terços dos 1200 milhões de euros que a nova unidade vai custar serão suportados graças a um empréstimo de 550 milhões do Banco Europeu de Investimento (BEI) e de mais 200 milhões do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), ao abrigo do Comércio Europeu de Licenças de Emissões.
Segundo o portal de informação da União Europeia, o EurActiv, a decisão do BERD foi tomada após uma discussão acesa, onde foram levantadas objecções relativamente ao impacto deste financiamento no apoio ao desenvolvimento de energias renováveis nos Balcãs e quanto à ligação da central de Sostanj às redes eléctricas regionais. Mas, para o BEI, «o projecto levará a uma redução de 28 por cento na intensidade carbónica, em comparação com as cinco unidades que vai substituir, tornando-a mais eficiente energeticamente», disse ao EurActiv um dos assessores de imprensa do BEI, Ducan Ondrejicka.
BEI atesta “saúde ambiental” do projecto
«É óbvio que nós encorajamos os Estados-Membros a evoluírem para a utilização de tecnologias o mais limpas possível, no sentido de atingirem as suas metas», declarou Joe Hennon, o porta-voz de Janez Potočnik, Comissário Europeu do Ambiente. Mas Hennon ressalvou que «não estão a ser infringidas quaisquer leis», além de que a Comissão Europeia declarou publicamente que a central de Sostanj não viola a Directiva sobre a Avaliação do Impacte Ambiental. Joe Hennon sublinha ainda que o BEI já concedeu à unidade um atestado de saúde ambiental: «´É suposto que o Banco verifique todos os critérios de investimento e, se o projecto foi considerado elegível para atribuição de fundos, tem que utilizar a melhor tecnologia disponível», disse ao EurActiv.
No entanto, os ambientalistas estão preocupados. Piotr Trzaskowski, do grupo ambientalista Bankwatch, descreveu a atribuição de subsídios à central de Sostanj como «ultrajante». «A Eslovénia está a discutir uma estratégia nacional para o clima, mas se este projecto for avante, a descarbonização a longo prazo não fará qualquer sentido», disse ao portal europeu de informação: «vai ser apenas mais um negócio sujo».
Outra das preocupações é que a luz verde à construção da central eslovena possa abrir a porta à atribuição de subsídios semelhantes a unidades em países vizinhos, como a Polónia. Se isso acontecesse, «as metas estabelecidas pela UE e toda a política de combate às alterações climáticas seriam alvo de chacota», afirma Piotr Trzaskowski.
No entanto, até ao momento nenhum banco europeu ofereceu ou concedeu financiamento à Polónia, além de que, como afirmou ao EurActiv fonte de uma instituição bancária, «os investidores privados já perceberam “para que lado sopra o vento” no que respeita às centrais de carvão».
Segundo o EurActiv, a modernização de Sostanj ainda não foi aprovada no parlamento esloveno: a questão tornou-se uma arma de arremesso política entre governo e oposição e só deverá ser levada a votação no final do mês.
Para já, o financiamento de mais um projecto ao abrigo do comércio europeu de licenças de emissões, cuja intenção seria a de encorajar a evolução para uma energia mais limpa, está a gerar forte descontentamento entre os ambientalistas eslovenos, que se esperava que fossem os seus primeiros aliados.
Enfim, uma vergonha e um contra-senso comunitário numa área sensível - o Ambiente e a Redução de Emissões de CO2 -, e na qual se exige coerência a nível de objetivos e determinação ao nível das medidas para os alcançar.